BRITEIROS: janeiro 2006 <$BlogRSDUrl$>








terça-feira, janeiro 31, 2006

Google e Tiananmen

No sábado passado, escrevemos aqui a propósito da censura dos sites Internet na China, feita pelo Google sob imposição do governo chinês. Curiosamente, desde esta manhã, Google faz a censura da sua própria censura.
Experimentem o seguinte: entrem no Google.cn e procurem imagens relacionadas com tiananmen. Se preferirem, façam: http://images.google.cn/images?q=tiananmen.
Depois, entrem no Google.com e procurem as mesmas imagens relacionadas com a mesma tiananmen. Ou seja: http://images.google.com/images?q=tiananmen.
Diferente, hein?

Voltem agora a entrar no Google.cn e, em vez de tiananmen, escrevam tienanmen. Isto é:
http://images.google.cn/images?q=tienanmen.
Subtil, este maravilhoso mundo da informática!

:: enviado por JAM :: 1/31/2006 10:55:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Passo à escuta...

Na Assembleia da República, na semana passada, o deputado Duarte Lima (PSD) defendeu a restrição da admissibilidade das escutas telefónicas aos crimes de terrorismo organizado, de tráfico de droga e aos crimes de sangue. Se esta restrição já estivesse em vigor, teriam sido possíveis, por ex., os processos do saco azul de Felgueiras, a investigação na BT da GNR, o caso dos sobreiros?... Não ficariam de fora crimes como a corrupção, o peculato a as megafraudes fiscais? Por coincidência, nos jornais da mesma data, foi publicada outra noticia interessante: crimes de colarinho branco, muitos dos quais megafraudes fiscais, mais do que duplicaram em 2005.
E agora espantemo-nos (ou não!...): o discurso de Duarte Lima foi aplaudido por todas as bancadas, excepção feita à do PCP. O deputado Fernando Rosas, do BE, exclamou mesmo: “Muito bem! Muito bem!”.
A propósito deste mesmo deputado, que, não nos esqueçamos, esteve na 1ª fila aquando do lançamento da candidatura de M. Soares, a dirigente nacional do BE Joana Amaral Dias vai agora voltar ao partido como se nada tivesse acontecido, como se não tivesse sido mandatária do candidato Soares para a juventude? Como diria o outro (e bem), a mulher de César, além de dever ser honesta, tem também que parecê-lo, e aqui há coisas por explicar: o BE tem ou teve algum acordo secreto com o PS? Se não tem/teve, o BE não se importa que esta duplicidade, o facto de cavalgar por Deus e pelo Diabo ao mesmo tempo, lhe tire crédito junto da opinião pública e até dos seus simpatizantes ou que, no mínimo, levante suspeitas sobre o seu discurso politico (bem prega Frei Tomás...)?...

:: enviado por Manolo :: 1/30/2006 10:14:00 da tarde :: 3 comentário(s) início ::

A quimera do hélio-3

O anúncio, há dois anos, do projecto espacial norte-americano, que tenciona instalar uma base lunar permanente, fez com que os cientistas começassem a cogitar nas possibilidades que a conquista da Lua poderia trazer para a humanidade. Agora, também os russos anunciaram que prevêem construir uma estação permanente na Lua até 2015.
A razão desta instigação na corrida da Lua é que, com base nas análises das rochas trazidas pela missão Apolo, os cientistas calculam que a Lua tenha uma “jazida” de 1 milhão de toneladas de hélio-3, um átomo quase inexistente na Terra e que poderá abastecer a totalidade da energia de que o nosso planeta necessitará neste milénio. Perspectiva bastante promissora sobretudo para quando se esgotarem as reservas de gás e petróleo na Terra.
Não radioactivo, o hélio-3 é uma matéria completamente ecológica, que se conserva e se transporta facilmente. A corrida ao hélio é mais do que provável pois prevê-se que o primeiro país que tiver acesso a essa riqueza vai ganhar enormes possibilidades de desenvolvimento da sua economia e da consequente autoridade sobre a comunidade internacional.
O único senão: a técnica para transformar o hélio-3 em energia ainda só existe na teoria e anuncia-se excessivamente cara. Mesmo mais cara do que a sua extracção e transporte para a Terra.

:: enviado por JAM :: 1/30/2006 08:50:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

domingo, janeiro 29, 2006

Os limites da paciência

As duas razões do sucesso eleitoral do Hamas são conhecidas. A partir da retirada israelita de Gaza, a maioria dos palestinianos, exangues, concluíram que os israelitas só pela força são capazes de retirar de um território ocupado. Deram crédito aos islamitas por essa sua coerência. E, ao mesmo tempo, quiseram “castigar” a sua Autoridade pela incúria, pelo clientelismo e pela corrupção.
Na véspera das eleições, o debate entre israelitas, americanos e europeus tratava de questões tácticas. Todos eles diziam querer começar de novo o “mapa para a paz” que deveria conduzir à instauração de um futuro Estado palestiniano. Todos eles esperavam sem dissimulação a derrota dos islamitas. Jerusalém e Washington não queriam vê-los no governo. As chancelarias europeias evitavam a questão. Seria melhor deixar Mahmud Abbas confiar-lhes alguns ministérios para os fazer assumir as decisões colectivas, ou manter o lobo fora do redil? Esse debate está agora completamente ultrapassado. Os palestinianos decidiram confiar as chaves do país ao Hamas. Não só vai estar no governo, mas também vai dirigi-lo.
Quanto aos israelitas, aqueles que esperavam que o escrutínio palestiniano clarificasse a situação podem tirar o cavalo da chuva. Para alguns, nomeadamente aqueles para quem as ambiguidades do Fatah tinham definitivamente desiludido, mais valia terem que negociar com o pior inimigo. Houve mesmo um ministro da linha dura do Likud que afirmou um dia sem pestanejar: “É preferível um Hamas sem máscara do que uma Autoridade palestiniana que avança mascarada”. Pois bem: é o que têm agora.
Mas como ninguém se tinha preparado para este resultado (a começar pelo Fatah), os receios e sobretudo as confusões são enormes. Como esperar doravante uma resolução pacífica para o conflito?

Vale a pena ler o editorial de hoje do DN e também esta excelente análise do Rui Semblano.

:: enviado por JAM :: 1/29/2006 06:02:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

A Ásia suplanta a Europa

A Arcelor faz parte da História pintada de dramas da siderurgia europeia. É uma empresa gigante, criada em 2002, fruto da aliança da Usinor francesa, da Arbed luxemburguesa e da Aceralia espanhola. Como resultado, deu origem ao número dois mundial do aço, um orgulho para os europeus, um dos mais espectaculares sucessos da Europa industrial.
Ora, esse edifício tão preciosamente construído, ameaça agora ser tomado de assalto pelo grupo indiano Mittal Steel. Visto de Davos, onde reside a família Mittal enquanto dura o fórum económico mundial, essa OPA hostil não é mais do que uma estrondosa demonstração de que a Ásia já suplantou a Europa. É a evidência que faltava de que o mundo já não é dominado pelos Estados Unidos e pela Europa, mas sim pelos Estados Unidos, a China e a Índia.
A China e a Índia não se contentam em fabricar T-shirts e chapa de aço de má qualidade. No interior, aumentam rapidamente os gastos em pesquisa e desenvolvimento e na formação de engenheiros. No exterior, partem ao assalto dos grupos ocidentais, para adquirirem novas tecnologias, como acontece agora com a Mittal.
Quanto à Europa, reduz os créditos comunitários e não consegue modernizar as suas universidades nem os organismos administrativos. A Europa esqueceu que os talentos humanos são fundamentais. Várias discussões tiveram lugar em Davos sobre o tema: como atrair os melhores talentos? Universidades e empresas indianas e americanas mostraram a sua supremacia na matéria. Mas, não se viram franceses, nem alemães. Os nossos cérebros estão mais interessados em abalar, e ninguém nesta Europa parece preocupar-se com isso.
A globalização e o capitalismo liberal desfazem violentamente todos os equilíbrios a que estávamos habituados. Poderíamos experimentar fechar as fronteiras e continuarmos a viver com as nossas enxadas e as nossas carroças de cavalos. Mas, se não as fecharmos, vamos ter que nos adaptar. Haverão certamente outras Mittal. Os nossos empresários vão continuar a fugir para a China e para a Índia. E nós?

:: enviado por JAM :: 1/29/2006 12:01:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

sábado, janeiro 28, 2006

Dois anos a Tugir

Na nossa blogosfera, René Magritte é, há exactamente dois anos, o ex-líbris por detrás do Tugir em Português. Nesta ocasião alegre e festiva, ficam os nossos parabéns aos seus autores, Luís Novaes Tito & Carlos Manuel Castro.

:: enviado por JAM :: 1/28/2006 11:58:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Po-po e Li-lícia

Ou “Jing-jing” e “Cha-cha”, em chinês, são os ciber-polícias da Internet, um projecto destinado a ajudar os fornecedores de serviços em linha a filtrarem os acessos. A censura transforma-se assim num negócio rentável para os polícias e para o influente Ministério da Propaganda. O último cliente foi o famoso motor de busca Google, que cedeu à tentação da censura, tal como já tinham feito a Yahoo e a Microsoft, como única forma de atravessarem a muralha da China e chegarem aos cerca de 111 milhões de internautas chineses.
A associação Repórteres sem Fronteiras já deu conta do seu desalento pelo lançamento da versão censurada da Google.cn afirmando se tratou de um dia negro para a liberdade de expressão na China. Nicolas Becquelin, especialista da Human Rights in China, considera que “o governo chinês já ganhou a batalha e controla efectivamente a Internet”.
Não há dúvidas que os chineses vão ter mais um ano de cão.


:: enviado por JAM :: 1/28/2006 07:14:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Mozart 2006

Mozart nasceu na cidade medieval de Salzburgo, na Áustria, em 27 de Janeiro de 1756. Fenómeno incomparável desde criança traquina e prodigiosa sem igual, escreveu as suas primeiras sinfonias aos 8 anos e a sua primeira ópera aos 12. Mas, pela vida fora, foi sempre um eterno incompreendido. A obra de Mozart oferece-nos um momento de História onde tudo parece em equilíbrio radioso e sem esforço aparente. A sua música é um mundo lúcido onde nada se perde, tudo é essencial. Por isso se conta entre os compositores que prometem o maior número de desafios aos músicos seus executantes. O grande pianista Arthur Schnabel dizia que “Mozart é demasiado fácil para as crianças, mas é demasiado difícil para os artistas”.

Festejar Mozart tem sido uma constante, desde o 200.° aniversário do seu nascimento em 1956, passando pelos duzentos anos da sua morte, em 1991. Festejos cada vez mais grandiosos, mais pomposos, mais loucos. E também mais comerciais – sinais dos tempos. Vamos comer chocolates Mozart. A imagem de Mozart vai ser impressa em panos de cozinha, em copos, em caixas de fósforos. Vamos viajar Mozart. Vestir Mozart. Mozart inspira rádios e TV. O dia anuncia-se recheado de concertos e de representações líricas.


:: enviado por JAM :: 1/27/2006 07:30:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quinta-feira, janeiro 26, 2006

E quando os terroristas também são eleitos?

O acontecimento do dia é, sem duvida, a vitória do Hamas nas eleições palestinianas. De repente e, ao que tudo indica, democraticamente, um partido político que tem uma milícia (bem) armada, promove atentados suicidas e brande a religião como uma arma, chega ao poder numa das regiões mais “quentes” do mundo.
Obviamente que o Hamas não é só o terrorismo. É também um apoio social onde ele é inexistente, são também as escolas que outros não querem/são capazes de fazer, é também uma certa organização de Estado onde ele é ausente e é também uma certa imagem de resistência para quem se sente humilhado. E por isso ganhou estas eleições.
Temos então uma situação interessante em que dois povos em conflito elegem democraticamente os seus dirigentes. Numa situação normal seria positivo. A legitimidade democrática dá outro poder negocial e abre caminho a entendimentos mais fáceis. O problema é que a região é tudo menos normal e a pequenina diferença é que uma das partes do conflito elegeu um partido que tem, no seu programa, o objectivo de destruir a outra parte (que, ao que parece, não mostra grande vontade em ser destruída).
O que virá a seguir só Deus (ou Alá) sabe, mas o cocktail não promete nada de bom: o Ocidente sem saber como lidar com uma autoridade palestiniana que faz do atentado suicida um argumento político; os fanáticos islâmicos por esse mundo fora com mais razões para festejar e para acreditar no esmagamento dos “corruptos” ocidentais; os israelitas sem o mínimo de confiança necessária para negociar com alguém cujo ultimo objectivo é erradicá-los do mapa; os palestinianos com dirigentes que quererão negociar de dia e rebentarem uns restaurantes à noite. Temo que as televisões continuarão a ter assegurada a sua dose diária de carnificinas, tanques a destruir casas e de tentar “compreender” porque é que alguém se suicida matando outros da mesma espécie.
Claro que isto é uma visão pessimista. Há outra: sendo a região muito atreita a milagres, pode ser que, agora que tem o poder, o Hamas possa chegar à conclusão de que os israelitas nunca sairão dali, de que um jovem é muito mais útil inteiro do que partido ao meio e de que, hoje, existe um sentimento generalizado de cansaço sobre o conflito que pode obrigar Israel a fazer cedências com que nunca sonhou.
Não acredito em milagres, pero que los hay, hay.

:: enviado por U18 Team :: 1/26/2006 10:05:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Manifestações de subdesenvolvimento

O que acabei de assistir no telejornal é mais uma daquelas cenas que me deixa envergonhado por ser português. Estou a falar da visita do Primeiro-Ministro e do Ministro da Economia à Autoeuropa. O nível de subserviência, de contentamento pateta e de menoridade demonstrado pelos nossos governantes é quase indescritível. Manuel Pinho chegou ao absurdo de afirmar que se “sentia emocionado”. Alguém imagina o Sr. Solbes acompanhado pelo Sr. Zapatero a dizer algo de semelhante?
Por acaso alguém pensa que a Volkswagen está em Portugal porque ama o Sr. Sócrates e adora o Prof. Cavaco? ou porque gostam do clima e da comida? ou será mais porque os salários são baixos, a produtividade alta, os sindicatos pacíficos e as ajudas governamentais extensas?
Claro que este investimento da Volkswagen é importante para o País. Claro que devemos ficar satisfeitos pela manutenção dos postos de trabalho e o assegurar de 10% das exportações (que também serve para chantagear e que, quando decidirem ir-se embora, deixará um buraco maior do que a fossa das marianas), mas será mesmo necessário demonstrá-lo com tamanho servilismo?
O senhor que os acompanhava parecia tão incrédulo quanto eu. Sendo presidente da Volkswagen Europa, de certeza que ainda não tinha assistido a tamanha manifestação de subdesenvolvimento em mais nenhum país europeu.

:: enviado por U18 Team :: 1/26/2006 08:57:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Perguntar não ofende (19)

São os novos vendedores da Volkswagen?

:: enviado por U18 Team :: 1/26/2006 08:22:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Maior desnorte é impossível

Embora se tenha esquecido de pedir desculpas pela distracção, Sócrates continua a jurar que não sabia que Alegre estava a falar. Imagine-se o estado em que ficou o líder do PS na noite eleitoral: cego, surdo... só não ficou mudo porque não podia!
O PS funciona como um cardume de piranhas. Descobre uma vítima e atira-se a ela como se fosse o alimento essencial para a sua sobrevivência. Por exemplo, a Madame Castafiore do PS, Ana Gomes, já identificou cientificamente o culpado de todas as desgraças do partido: Alegre, claro. Sócrates, num gesto benemérito, já fez soar que não quer assassínios políticos em público. Já chega o que fez a Alegre, por distracção, na noite das eleições.
Assim, o PS de Sócrates não reflecte. Olha-se ao espelho. Faz-se de vítima: A candidatura de Manuel Alegre nasceu, não para dar voz aos cidadãos, não contra os partidos, mas sim contra, única e exclusivamente, o PS. Mais precisamente, o PS de José Sócrates, que, entre dois velhos militantes do partido, não teve outra escolha que não fosse apostar no mais velho. Tadinhos!...
Pacheco Pereira escreve [link não disponível] que, “pouco a pouco, os partidos políticos democráticos conhecem uma lenta, mas segura, dissolução. Assiste-se a uma mudança para outra coisa, menos poderosa, mais vulnerável, mais frágil”... Mas, se não for através de um partido ou de qualquer outra força organizada, o grito daquele milhão de votantes de muito pouco ou nada vai valer à nossa democracia.
Eduardo Prado Coelho, põe água na fervura e escreve [no mesmo jornal] que “os membros do PS não têm qualquer razão para deixarem de ser membros do PS e Alegre deverá regressar ao partido na plenitude dos seus cargos e funções”. Mas lembra também que “mais de um milhão de votos em Alegre é sinal que um certo número de coisas podem mudar”.
E Manuel Alegre? Tenciona fazer o quê? Ficar ou abandonar o PS?

:: enviado por JAM :: 1/26/2006 07:31:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Ainda o rescaldo eleitoral

- A partir de agora, além do finado S. Lopes, outro ectoplasma vai andar por aí a arrastar correntes e a fazer figuras tristes: M. Soares.
- Não há mé nem meio mé: o PS foi derrotado em toda a linha, foi cilindrado e humilhado, e, se apostaram num bloco politico central a alto nível, esqueceram-se de que as contradições no seio do poder dominante podem ser secundárias, mas, a prazo, são sempre desagregadoras.
- Quanto a Alegre, que vai ele fazer com as ilusões que despertou e embalou aos molhos, como os cravos?
- Provávelmente houve gente, para lá do seu eleitorado habitual, que ainda acreditou que J. Sousa poderia vir a ser o candidato mais votado à esquerda;
por outro lado, houve gente, do recém-conquistado eleitorado do B. E., que duvidou que o candidato Louçã fosse além do último resultado do seu partido, e, pelo sim pelo não, votou Alegre.
- Não votei em Garcia Pereira, mas não posso deixar de lastimar o tratamento de menoridade que lhe foi imposto durante a campanha eleitoral.
- Last but not the least, 37 % dos inscritos nos cadernos eleitorais não se deu ao trabalho de exercer o seu direito de voto e, dos que votámos, mais de metade escolheu um candidato com 10 anos de provas dadas: o povo é soberano, que Deus nos ajude e que o Diabo não nos desampare.

:: enviado por Manolo :: 1/26/2006 12:44:00 da manhã :: 2 comentário(s) início ::

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Quem não é por nós... é contra nós

“Quando, no domingo passado, à hora do jantar, José Sócrates esmagou o discurso de Manuel Alegre – e as televisões esqueceram momentaneamente o critério editorial e jornalístico que deve presidir ao seu trabalho e disseram “Amém” ao poder – eu percebi, enfim, o que tinha sucedido ao Partido Socialista.
E foi simples: o PS, tal e qual o conhecemos, aquele em que a maioria dos portugueses várias vezes tem votado, acabou. O PS na versão “albergue espanhol”, onde é possível divergir, discutir e recriar, não existe mais. A geração pragmática tomou conta do “aparelho” e, daqui para a frente, quem quiser criar “tendências” ou ousar levantar a voz tem de criar “movimentos de cidadania” ou ir pregar para outra freguesia.
Manuel Alegre abriu o precedente de que José Sócrates precisava para, na boa escola de Cavaco (nem por acaso...), explicar ao Partido quais são as novas regras do jogo: quem não está connosco, está contra nós”.

:: enviado por JAM :: 1/25/2006 01:05:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

O Círculo de Leitura de Bin Laden

Os jornais não se referiram particularmente a essa passagem da sua última mensagem, mas Osama Bin Laden teve a ousadia de recomendar aos americanos um livro escrito por um americano. Imaginem agora, a acompanhar a sinopse do Barnes and Noble, a seguinte menção: – Recomendado por Osama!...
O que Bin Laden disse foi: – Se Bush decidir continuar com as suas mentiras e opressão, então seria útil que vocês lessem o livro Rogue State.
Resultado, de um dia para o outro, o livro de William Blum, “Rogue State : A Guide to the World's Only Superpower”, cuja primeira edição saiu em Maio de 2000, foi propulsado para a lista das melhores vendas. De uma modesta 205763.ª posição no Top de vendas da Amazon, está agora no honroso 21.° lugar. Graças a Bin Laden.

:: enviado por JAM :: 1/25/2006 12:22:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, janeiro 24, 2006

Área reservada ao bom-senso

No aeroporto de Lisboa, um pouco por toda a parte, há uns cartazes com os dizeres: “O Aeroporto de Lisboa é um espaço de não fumadores. Apague o seu cigarro.” (o “por favor” deve ter sido eliminado na ultima revisão fundamentalista). Até aqui nada de novo, que não é só no Aeroporto de Lisboa que o politicamente correcto invade tudo o que é vida privada.
Acontece, no entanto, que fico um pouco nervoso quando tenho que andar de avião. Talvez mais prosaicamente: tenho medo. Eu sei que é irracional mas não consigo impedir-me de pensar na improbabilidade física de umas quantas toneladas levantarem voo e, sobretudo, manterem-se no ar. Como, concedo, o avião continua a ser a forma mais rápida e barata de percorrer grandes distâncias (e de fugir rapidamente do País), fui-me habituando e ainda me consigo controlar.
Na impossibilidade de fumar durante o voo (o que aceito sem problemas de maior), gosto de fumar um cigarro antes de me meter na caixa de metal. Acalma-me e faz-me encarar o que se segue com uma melhor disposição. Ontem tive que repetir a experiência.
De manhãzinha cedo já estava no Aeroporto para sair do País (antes que me obriguem a prestar vassalagem ao recente Presidente eleito). Dirigi-me para o local imundo para onde são atirados os fumadores: um espaço tacanho num canto obscuro de uma sala imensa praticamente vazia onde, entre sorrisos cúmplices de resignação, se acotovelavam os fumadores. Estaria (sem exageros) uns 2 metros afastado do painel “Smokers”, quando um funcionário zeloso e respeitador das leis me ordenou que voltasse para o redil (ao “bom dia” deve ter acontecido o mesmo que ao “por favor”). Ainda na ressaca da eleição de um Presidente pimba, observei que os limites do espaço não eram muito claros e, além disso, não estava a incomodar ninguém dado não se vislumbrar qualquer não fumador a menos de 20 metros. Não se impressionou: “já está com muita sorte de estar aqui esta merda, por mim iam fumar para a rua” (sic). Entre queixar-me ou apanhar o avião, optei pelo segundo. Apaguei o cigarro e virei as costas. O voo não me correu muito bem.

Enquanto tentava escutar qualquer barulho estranho vindo das entranhas do avião e que indicasse tragédia iminente, dei comigo a pensar porque é que os fumadores são o único grupo humano (e animal?) que pode ser descriminado sem que alguém seja punido ou sequer censurado. E a sonhar com o dia em que os letreiros do Aeroporto de Lisboa sejam substituídos por outros com os dizeres “ Este Aeroporto é um área de não estupidez. Por favor, tenha bom-senso”.

:: enviado por U18 Team :: 1/24/2006 04:19:00 da tarde :: 3 comentário(s) início ::

Perguntar não ofende (18)

Será possível?

Cavaco já foi eleito há mais de 24 horas e o País ainda está em crise?

:: enviado por U18 Team :: 1/24/2006 12:17:00 da tarde :: 3 comentário(s) início ::

A ressaca…


:: enviado por JAM :: 1/24/2006 11:29:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Chegou o salvador

“Cavaco é um caso extraordinário como sintoma da irracionalidade que invadiu a sociedade portuguesa. Sem necessidade de falar, só com a sua presença, como se fosse um santo, as multidões que rugem ante ele como se aquilo fosse uma procissão em súplica ou uma concentração de comunistas. Trata-se de um fenómeno quase religioso. Um fenómeno irracional de massas que cria um populismo sem discurso. Como se fosse um messias laico, Cavaco convenceu o povo de que o milagre é possível”.

:: enviado por JAM :: 1/23/2006 12:35:00 da manhã :: 4 comentário(s) início ::

Notas avulsas sobre os resultados eleitorais

- Responsáveis por estes resultados foram também os 37% (três milhões e tal) de eleitores que não votaram, deixando aos outros a escolha;
- e, nesse aspecto, foi também o candidato M. Soares, que, durante a campanha, gritou aos quatro ventos que o papel do presidente da república era práticamente o mesmo que o da rainha da Inglaterra, criando, assim, em muitas cabeças a convicção de não valer a pena dar-se ao trabalho de votar por tão pouca coisa;
- Sócrates mostrou mau-perder e, mais uma vez, a sua habitual arrogância, começando a falar para as televisões antes de M. Alegre acabar o seu discurso (começou mal escolhendo, à revelia de toda a esquerda, um candidato perdedor e, agora, quando ficou provado à saciedade, que não teve razão nessa escolha, foi incapaz de reconhecer o seu erro, “vingando-se” no candidato rebelde);
- mais uma vez ficou claro que a massa de eleitores que decide o resultado das eleições privilegia a “famosa” estabilidade: ficámos com um governo e um presidente que andam ambos pelo centro-direita, embora tenham apoios diferentes (mais uma vez o famigerado bloco central, o do pântano…), ou seja, quando esses eleitores não gostam do governo cor de rosa, escolhem autarquias laranjas e/ou um presidente laranja, nunca arriscando a novidade, sinal, aliás, que, afinal, para essa gente, as coisas não estão tão mal como as pintam;
- apesar de tudo, se M. Soares ganhasse estas eleiçõe, seria ainda pior, porque, então, teríamos um governo, uma maioria absoluta na assembleia e um presidente, todos da mesma cor: com Cavaco na presidência, as duas facções da mesma classe dominante vão-se bater pela supremacia, o que dá à esquerda a possibilidade de lutar contra um adversário dividido e, por isso, menos forte.

:: enviado por Manolo :: 1/23/2006 12:06:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

domingo, janeiro 22, 2006

Que fazer com esta vitória ?

Vencedores da noite : 1) Cavaco. 2) Manuel Alegre: Os mais de 20% dos votos de hoje são sementes lançadas por todos aqueles que almejam veementemente preencher um enorme vazio político existente entre o PS e o PC.
Derrotados da noite : 1) PS, pela humilhante votação do seu candidato ;
2) PSD: Com um primeiro ministro e um governo como este, o novo Presidente da República da direita não vai precisar do PSD para nada.

:: enviado por JAM :: 1/22/2006 11:14:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Evo Fashion

Como hoje não se pode falar de política, gostaríamos de vos falar da camisola de riscas largas e coloridas que Evo Morales veste habitualmente nas recepções oficiais e que tem sido motivo de gozo de muitos “fashion-victims”. Apesar de foleira, essa camisola está a tornar-se num símbolo para todos aqueles que defendem a personalidade do novo presidente índio e da sua recusa do traje protocolar ocidental do fato e gravata. De tal modo que o fabricante boliviano de pull-overs Punto Blanco criou a moda “Evo Fashion”, com base no modelo que o presidente vestiu por ocasião do seu encontro com Zapatero, com o rei de Espanha e com o presidente chinês.
Uma simples camisola de riscas parece assim estar a tornar-se um símbolo da redistribuição mais equitativa da riqueza e da busca de novos sistemas democráticos, mais eficientes, um símbolo que representa as reais aspirações dos bolivianos por uma melhoria substancial da qualidade da democracia.

:: enviado por JAM :: 1/22/2006 05:33:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

sexta-feira, janeiro 20, 2006

As bombas de Teerão e Paris


© desenho de Carlo Schneider

Não bastava o Irão com as suas desvairadas intenções de dispor a todo o custo da bomba nuclear. O Irão que, tal como Israel e a Turquia, não é um país árabe, mas é um país que logicamente tem tanto direito como os Estados Unidos, a Rússia, a França, a Grã-Bretanha, Israel, a China, o Paquistão ou a Índia de possuir armas atómicas de destruição maciça. É que, se até hoje só poderiam dispor de armas nucleares os países responsáveis, hoje em dia não é tarefa fácil indicar quem eles são.
Ontem (sem que se tenha percebido porquê) foi a vez do presidente francês, Jacques Chirac, surpreender o mundo inteiro ao afirmar que a França poderia responder com um ataque atómico contra os Estados que utilizem meios terroristas contra ela ou para garantir “a segurança dos nossos abastecimentos estratégicos e a defesa dos países aliados”. Ao fazer estas declarações, Chirac banalizou, também ele, irresponsavelmente o leque das possibilidades do uso das armas nucleares, dando assim uma machadada no tratado de não proliferação desse tipo de armamento. Numa altura em que o mundo inteiro procura dissuadir o Irão das suas intenções, o discurso de Chirac não faz mais do que encorajar Ahmadinejad a avançar com o seu projecto de bomba.
Enquanto o desarmamento não for absoluto e geral, vai sempre existir pelo menos uma tentação de recorrer a essa arma tão devastadora. A responsabilidade não é um valor inalterável. Aqueles que hoje nos podem parecer responsáveis, poderão amanhã deixar de o ser.
O drama é que o homem tem nas suas mãos um instrumento de destruição maciça. Não se trata de uma questão ideológica nem estratégica. Trata-se de uma realidade de que depende a vida de todos nós.

:: enviado por JAM :: 1/20/2006 10:49:00 da tarde :: 6 comentário(s) início ::

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Porque será?

Osama Bin Laden reapareceu hoje para ameaçar com um novo ataque terrorista contra os Estados Unidos que já estaria em preparação, acrescentando que sua realização seria apenas uma questão de tempo. A Casa Branca respondeu que se recusa a negociar o acordo de trégua proposto na mesma gravação.
Porque será que a voz de Bin Laden surge sempre tão providencialmente, quer quando se tratou de ajudar Bush a conseguir o segundo mandato, quer nos momentos em que este mais parece correr perigo?

:: enviado por JAM :: 1/19/2006 11:33:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O meu voto

Li jornais, revistas, blogs e declarações. Vi todos os debates entre os candidatos (bom ... quase todos). Ouvi discursos e entrevistas. Vi telejornais e tempos de antena. Pensava que era a isto que se chamava esclarecer-se para poder votar em consciência. Resultado? – estou na mesma.
Sendo as eleições presidenciais a escolha de uma pessoa (e do seu respectivo caracter) na esperança de que nos represente sem grandes embaraços e que intervenha na vida política com bom senso e quando necessário, e sendo todos os candidatos gente conhecida que anda nestas vidas há muitos anos, nada do que li, ouvi e vi me ajudou a alterar a ideia que já tinha sobre os ditos.
Como não abdico de votar e não gosto de votar em branco nem de fazer gatafunhos no boletim de voto (que pode servir para muita coisa mas não certamente para se escrever o que realmente se pensa disto tudo), recorri ao meu ultimo recurso nestas circunstâncias: a quem seria capaz de comprar um carro em segunda mão?
Excluindo Cavaco Silva, que me provoca um sentimento entre aquela vergonha que se sente pelos outros e a repulsa pelos mitos injustificados - a quem nem sequer me passaria pela cabeça abordar para comprar um carro novo, quanto mais em segunda mão - ficam os outros candidatos.
Vou então tentar responder à pergunta. Rapidamente que já ninguém tem paciência para estes debates.
Acredito que Jerónimo de Sousa seria capaz de me vender o carro de boa fé. Seria simpático e atencioso e acreditaria que me estava a ajudar. Desconfio é que o carro teria tendência para ir para onde ele queria e não para onde eu gostaria. Tenho ainda a sensação de que teria sempre o vendedor em cima de mim para me dizer o que fazer com o carro. O que não são, convenhamos, duas boas razões para comprar um carro.
Francisco Louçã também estaria de boa fé. Mais a mais a conversa seria, certamente, muitíssimo interessante. Desconfio é que não saberia que o carro que estava a vender era um acidentado e tinha uma longa história de avarias.
Não me parece que seja de arriscar.
Com Garcia Pereira já não tenho tanta a certeza se estaria de boa fé. Na ânsia de vender o carro, era bem capaz de me impingir um chaço qualquer e sem travões. A evitar.
Em relação a Mário Soares, a coisa já tem mais que se lhe diga. O carro era capaz de ser em quarta ou quinta mão, avariado e sem condições para andar mas, com o poder de argumentação que se lhe reconhece, antes de dar por mim já teria a chave e o contrato na mão e até lhe agradecia. Para poupar chatices futuras, creio que também é de evitar.
Sobra Manuel Alegre. Pensando bem até que era capaz de lhe comprar um carro em segunda mão. Não tenho certeza absoluta de que ficaria bem servido, mas o senhor tem um ar sério, é parco nas palavras (mas utiliza-as bem) de modo que não me aborreceria muito e, mesmo não tendo nenhuma grande garagem por detrás, é credível. Era capaz de ser uma boa compra.

E, a final de contas, não seria lógico um País que tem como dia nacional o dia da morte de um poeta, ter um poeta como Presidente da Republica?

:: enviado por U18 Team :: 1/19/2006 10:34:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Os presidentes também se abatem

Enquanto os portugueses se preparam para eleger o seu presidente, os americanos preparam-se para “deseleger” o deles. Parece que desta vez vai ser a sério! As pessoas começaram a falar de destituição já não só pela calada mas também nos jornais, na Internet, nas conversas de café e até no Congresso.
Elizabeth Holtzman escreve uma extensa exposição sobre os grandes erros e mentiras da Administração Bush, desde as escutas telefónicas às armas de destruição maciça, passando pela total falta de preparação para a guerra e para o pós-guerra, com o objectivo de mobilizar a nação e o Congresso para a necessidade de se elaborar um inquérito sólido e bem conduzido, que possa levar o Congresso a votar a destituição do presidente.
O artigo, que no site Internet do jornal The Nation, ocupa seis páginas, conclui que “o povo americano pôs fim à guerra do Vietname, contra a vontade de Nixon e forçou um Congresso reticente a pronunciar-se sobre a destituição do presidente. Pode agora fazer a mesma coisa com o presidente Bush”.

:: enviado por JAM :: 1/19/2006 12:14:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

terça-feira, janeiro 17, 2006

Admirável mundo novo ...

A polémica já tem algum tempo mas hoje esta noticia chamou-me a atenção. Parece que, nos EUA (é sempre nos EUA que estas coisas começam mas não se apoquentem que, mais tarde ou mais cedo, chegará à Europa), é extremamente fácil obter o registo das chamadas telefónicas de qualquer cidadão. Basta ir a um site especializado, pagar alguns dólares (não muitos) e pode-se ficar a saber mais sobre a vida de uma pessoa do que, provavelmente, o respectivo conjugue.
Por curiosidade fui parar aqui (sem intuitos publicitários). Descobri que há um americano que tem exactamente o mesmo nome que eu. Pela módica quantia de cerca de 100 euros poderia ficar a saber que bens possui, quantas vezes se divorciou, quem são os filhos, que emprego tem e aos que se candidatou, quanto paga de impostos, que chamadas faz, se já foi condenado, quem são os familiares, os vizinhos, etc., etc. etc. Os resultados não são garantidos mas devolvem o dinheiro em caso de insucesso, pelo que suponho terão confiança na possibilidade de obter as informações.
Fica aqui uma ideia para o Sr. Souto Moura: em vez de perder tempo e dinheiro com pedidos à PT, ocupar Procuradores e agentes da PJ e passar vergonhas pelo amadorismo da coisa, não seria mais eficaz, simples e barato recorrer a uma destas empresas da Internet?
Admirável mundo novo ...

:: enviado por U18 Team :: 1/17/2006 10:21:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Se não fosse idiota?

Não sou propriamente uma feminista. Em geral acho que devemos simplesmente respeitar as pessoas em função dos seus defeitos e qualidades próprias. Apesar desta minha maneira de pensar, não consigo ficar indiferente quando, em pleno século 21, após a eleição da Michelle Bachelet como presidente do Chile, a primeira ideia que ocorreu a um jornalista (macho) presente durante a primeira conferência de imprensa que deu, foi perguntar como pensava a senhora assumir as suas altas responsabilidades sem marido e sem ternura.

Afinal não sabemos todos perfeitamente que qualquer mulher que não tenha marido é incapaz de assumir altas responsabilidades e que qualquer mulher que não tenha marido sofre seguramente de problemas afectivos!!!!
A Michelle Bachelet respondeu e muito bem que gostaria de saber se o jornalista teria feito a mesma pergunta se um homem estivesse no seu lugar. Eu acho que ela foi muito correcta. Penso que se estivesse no lugar dela teria perguntado ao jornalista se ele não fosse idiota o que é que gostaria de ser.

:: enviado por Anónimo :: 1/17/2006 11:06:00 da manhã :: 2 comentário(s) início ::

Voltar a Dakar


© desenho de Pierre Kroll

A honra do Dakar foi, mais uma vez, salva, apesar da morte de um motard australiano que participava no rali e de duas crianças que se limitavam a vê-lo passar. Mas, no final, o vencedor, Luc Alphand, não escondeu a sua alegria.
Todos os anos se coloca a mesma questão: será razoável atravessar uma parte da África com essas máquinas potentes, a toda a velocidade, correndo o risco de matar? Matar concorrentes que decidiram correr o risco? Matar espectadores atraídos pela festa?
Duas crianças pagaram com a vida a passagem desses malucos do volante. O vencedor, Luc Alphand, disse aos media franceses: “conto voltar aqui para fazer boas corridas”. Se assim for, vai ter que contar também com dois espectadores a menos.

:: enviado por JAM :: 1/17/2006 09:02:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

domingo, janeiro 15, 2006

Combater o terrorismo, ou alimentá-lo?

Não há dúvida que o terrorismo, que tem cegamente por alvo populações civis indefesas, não pode deixar de suscitar a nossa mais veemente condenação. Também não há dúvida que a vida e a segurança constituem direitos essenciais dos cidadãos e que, por isso, os Estados têm todo direito e o dever de tomarem medidas apropriadas para assegurarem a sua protecção. Mas, é preciso ser-se muito cego para não ver que a multiplicação das medidas e das práticas antiterroristas levadas a cabo nos últimos cinco anos não contribuíram em nada para erradicar o terrorismo que, bem pelo contrário, não pára de se desenvolver.
E não só o terrorismo continua a ser uma ameaça em vias de expansão, como também as liberdades individuais dos cidadãos e dos povos, quando não as suas próprias vidas, se encontram cada vez mais ameaçadas pelas acções antiterroristas. As principais vítimas dessas acções alucinadas têm sido, cada vez mais, não os terroristas, mas os cidadãos e as democracias.
O último episódio desse crescente devaneio aconteceu ontem no Paquistão onde um bombardeamento da aviação norte-americana contra a aldeia paquistanesa de Damadola, na zona tribal paquistanesa junto à fronteira com o Afeganistão, matou pelo menos dezoito pessoas, incluindo mulheres e crianças. Diz a Reuters que o alvo era o egípcio Ayman al-Zawahri, “número dois” da Al Qaeda, que, segundo a CIA, tinha recebido um convite para jantar naquela zona.
As vítimas, desta vez, foram inocentes cidadãos do Paquistão, um aliado preferencial da Casa Branca, na Ásia e na luta contra o terrorismo.

:: enviado por JAM :: 1/15/2006 10:12:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Cravos destroçados!!!

Segundo dados do Eurostat, Portugal é o país mais desigual e mais pobre da União Europeia, com a diferença entre os mais ricos e os mais pobres a acentuar-se desde 2001, sendo actualmente cerca de dois milhões o número dos que vivem com menos de 350 euros por mês.
Portugal desceu de 26.º para 27.º na última lista ordenada do desenvolvimento humano da ONU; a pior taxa de abandono escolar da UE (39,4%), o maior índice europeu de pobreza persistente (15%), e uma das maiores percentagens de crianças pobres (15,6%).
Portugal também acumula a condição de país mais desigual da UE com o de portador de maior índice de pobreza relativa, com um valor há anos estabilizado nos 21/23%.

:: enviado por ja :: 1/15/2006 11:15:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

Uma ardente paciência

Tal como no livro de um dos seus mais ilustres escritores, os chilenos estão hoje numa ardente paciência: espera-se que a “socialista loura”, seja eleita presidente do Chile.
Michelle Bachelet representa a continuidade de um governo que obteve os melhores resultados na Historia do país e conta com o apoio incondicional dos melhores políticos e economistas, que foram obreiros desse sucesso.
Sucessivamente responsável pelas pastas da Educação e da Defesa, essa mulher de 54 anos goza de uma grande simpatia no seio da opinião pública. Filha de um militar torturado e assassinado pela ditadura e torturada ela mesma, o que a levou a passar vários anos no exílio, na Austrália e na Alemanha de Leste, voltou ao Chile para exercer medicina e empenhou-se no movimento associativo destinado a permitir o acesso das classes mais desfavorecidas aos cuidados de saúde. Entre as suas ideias, propõe o aumento das pensões mínimas e novas medidas tendentes à criação de uma associação de beneficiários para melhor gerir os fundos de pensões. Propostas que colocam o liberal Sebastián Piñera, o seu adversário nesta segunda volta, numa posição desconfortável. Piñera é apoiado pelos grandes grupos que controlam os fundos de pensões e que se têm aproveitado bem da expansão dos lucros gerados pelos investimentos desses fundos.
Piñera é um brilhante empresário, accionista da companhia aérea LAN Chile e proprietário de um canal de televisão. A sua ligação ao grande patronato assusta muitos eleitores. Mas também não cativa totalmente a direita pelo facto de ter votado em 1988 contra a ditadura militar de Pinochet. Num dos debates televisivos perguntaram a Piñera o que pensava do regime de Pinochet. A resposta foi que “não tinha sido bom”. Uma resposta destinada a agradar à direita e à esquerda, mas que não parece satisfazer ninguém.

Leia também Quem é Michelle Bachelet?

:: enviado por JAM :: 1/15/2006 10:57:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

E se Cavaco ganhar?

Se Cavaco ganhar, estaremos perante um embaraço e um contratempo.
O embaraço começa na manhã de 23 de Janeiro, à hora de abertura das chancelarias. Chirac, com as duas mãos na baguette, Blair, mordiscando a sandes de pepino, Merkel, trucidando entre as fauces um enchido obsceno, exibirão todos o mesmo sorriso alvar de quem acha que já só tem de se preocupar com 24, porque aqui foi eleito o “bom aluno”. Mas o amigo francês, inglês ou alemão que alguns de nós persistem em cultivar dir-nos-á, com um pesar educado “Deixa lá, pá. É pior o Berlusconi...”

:: enviado por JAM :: 1/15/2006 10:49:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

sábado, janeiro 14, 2006

Chegou o Salvador?

Andava para escrever sobre a candidatura do Prof. Cavaco há já algum tempo. O problema é que o tema não me inspira particularmente e (eterno ingénuo) julgava que a campanha eleitoral só começava no dia 8 de Janeiro.
A razão imediata deste post vem da declaração de um amigo – que tenho por pessoa inteligente e estimável – de que ia votar em Cavaco porque era o melhor candidato. Este comentário fez com que os meus níveis de estupefacção sobre esta união nacional (sem ironias) à volta da candidatura do estimado professor, atingissem valores insuportáveis.
[...] não há uma entrevista com empresário que não acabe com a frase “obviamente, apoio Cavaco Silva”. Porquê? – “Porque é o melhor”. E mais não acrescenta. Não há televisão que não ponha a falar o popular que fez 300Km para abraçar o Professor. Porquê? “Porque é o mais indicado”. Falando com familiares e amigos, e fazendo a minha sondagem particular, é eleito com um pouco mais de 50% dos votos. Porquê? – Não percebo.
Desde o malfadado D. Sebastião que a Pátria não se consegue libertar desta espera pelo Salvador. Ante a improbabilidade evidente de que o dito ainda esteja vivo (não consta que tenha tentado pular a cerca de Ceuta), cada geração tenta encontrar o seu Salvador.
À minha geração calhou Cavaco Silva. Azares da vida. [...] [o resto, aqui]

:: enviado por U18 Team :: 1/14/2006 07:45:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

Perguntar não ofende (17)

Não seria mais simples publicar a lista dos portugueses que nunca foram escutados e/ou não estão em listagens de registos telefónicos?


:: enviado por U18 Team :: 1/14/2006 06:40:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Quando os liberais se apaixonam pelos socialistas

A história passa-se na Bélgica. A Bélgica não só é o coração da Europa, mas também tem uma História muito parecida com a europeia, naquilo que, nos dizeres da célebre canção de Gainsbourg, se poderia resumir por “je t’aime, moi non plus”.
O líder parlamentar do partido liberal flamengo VLD, Rik Daems, demitiu-se precipitadamente, na terça-feira, depois do jornal francófono Le Soir ter revelado não só que ele mantém uma relação amorosa com uma deputada francófona socialista, a bela Sophie Pécriaux, mas também que ela está grávida dele.
Para compreender a emoção que este caso está a suscitar em todo o reino belga, é preciso que se diga que a Flandres e a Valónia estão em pé de guerra. A rica região flamenga, que é também a mais povoada, vive obcecada com a ideia de se livrar do fardo Valão. Essa guerra civil fria que chaga o país dura há quarenta anos e, de reforma do Estado em reforma do Estado, não resta muito da Bélgica dos velhos tempos, a não ser a dívida pública e o rei. A Flandres está mais que decidida a atingir o seu objectivo e a construir um Estado linguisticamente puro.
Não é por acaso que, para ter direito a um alojamento social na Flandres, é preciso saber falar flamengo.

P.S. Como o link do Le Soir é só para assinantes, leia a notícia aqui.

:: enviado por JAM :: 1/14/2006 11:45:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

Veneno... com açúcar!

O Blog da Tati tem sido uma referência cíclica desde que o descobrimos e elegemos para a lista aqui ao lado. O seu veneno tem muito de simbolismo, um misto de espiritualidade, imaginação e arte. Desta vez, temos uma razão adicional para o tornarmos alvo de menção.

:: enviado por JAM :: 1/14/2006 11:33:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Feliz centenário Sr. LSD

Albert Hofmann, o inventor do controverso LSD, festejou anteontem 100 anos. O químico suíço está de boa saúde e faz tenção de assistir ao simpósio sobre os alucinogénios que tem lugar este fim de semana em Basileia. Albert Hofmann, que se lembra das visões maravilhosas que teve após ter experimentado em si mesmo o produto que acabara de inventar nos laboratórios da Sandoz, continua a defender a sua legalização, convencido que ele pode ser utilizado para fins terapêuticos, em especial no domínio psiquiátrico. Quarenta anos depois, o LSD continua a ser considerado uma droga maldita. Para tentar desmistificá-la, cientistas do mundo inteiro estão reunidos em Basileia.
Um belo presente de centenário para o Sr. Hofmann!

Leia também O pai do LSD.

:: enviado por JAM :: 1/13/2006 10:51:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Alegre e as mulheres

Eu nunca tinha estado ao pé do Manuel Alegre e isso fez toda a diferença. Os olhos verdes fulminaram-me (no bom sentido, que eu não sou o Soares), a voz estraçalhou-me o coração, e dei por mim em pé, como se o Teatro Gil Vicente fosse uma praça da canção, a dançar com o Pacman e a lutar por uma causa, uma causa a valer, uma causa de que ninguém se tinha lembrado até agora, nem eu própria até àquele momento de olhos verdes, e a pensar que, quando Alegre tomar posse como Presidente... Eu vou, eu vou, eu vou...

:: enviado por JAM :: 1/13/2006 11:39:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

“Eu vim de longe... mas vou votar em si”

Desconfio imenso das sondagens publicadas pelos meios de comunicação em matéria política. Lembram-se das últimas eleições presidenciais em França quando todas as sondagens davam o Chirac e o Jospin como os candidatos mais votados e finalmente no dia das eleições o Le Pen foi o candidato qualificado para a segunda volta? Apesar de neste caso o objectivo ser louvável (impedir o Le Pen de ir à segunda volta), o que é certo é que mal as urnas fecharam, sem um único voto contabilizado, já todos os meios de comunicação sabiam que o candidato para a segunda volta era o Le Pen.

Pois estou também um pouco desconfiada dos resultados das sondagens relativas às eleições do dia 22 de Janeiro publicados actualmente. Costumo considerar as opiniões das pessoas com quem falo como uma espécie de guia relativamente ao estado de espírito nacional. Como devem imaginar, as férias do Natal foram a altura ideal para ouvir opiniões sobre as eleições presidenciais de Janeiro. Desde as empregadas e os empregados das lojas durante as compras de Natal até à família, que sempre se reúne nestas ocasiões, as opiniões não faltaram.

Uma das conclusões a que cheguei foi que os candidatos de socorro do PS e do PSD baralharam completamente as cartas. A maior parte das pessoas acha que nem um nem outro são lá grande coisa, mas algumas acabam por encontrar uma razão qualquer para votar num ou noutro. O resultado é surpreendente porque afinal acabei por ouvir pessoas que tradicionalmente votam à esquerda que desta vez vão votar no Cavaco Silva porque na verdade não sabem muito bem o que fazer com as candidaturas de Alegre e Soares. Depois encontrei também aqueles que tradicionalmente votam à direita, mas que como não gostam de Cavaco Silva e não havendo outro candidato da direita, estão decididos a votar por um candidato da esquerda.

O que mais me surpreendeu foi que não encontrei uma única pessoa que afirmasse claramente que ia votar no Mário Soares. Será significativo?

O que mais me agradou nestas conversas populares foi o facto de um grande número de pessoas parecer estar convencida que afinal de contas o candidato mais competente de entre todos é Francisco Louçã e que muitas destas pessoas parecem estar decididas a votar por ele.
Esta impressão parece confirmar-se com o elevado número de pessoas que aproveitaram as acções de rua para dizer que antes votaram no CDS mas que agora pretendem votar em Louçã. Segundo o Correio da Manhã, houve mesmo um ex-combatente que, na baixa de Lisboa, aproveitou para apresentar um rosário de queixas de Paulo Portas, um "traidor" dos antigos combatentes do Ultramar. "Olhe que eu vim de longe só para lhe dizer isto: vou votar em si pela primeira vez. Sempre votei no PP, mas gostei de o ouvir falar no debate da RTP". E se deste estado de espírito surgisse a surpresa que vai contradizer todas as sondagens destinadas a influenciar a opinião pública e a fazer as pessoas votar pelos candidatos dos grandes partidos? Nunca se sabe... a resposta no dia 22 de Janeiro a partir das 20 horas.

:: enviado por Anónimo :: 1/13/2006 10:43:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

Campanha TGV

Os candidatos presidenciais parecem não ter alternativa senão pisar no acelerador para cumprir os horários marcados. Depois de Mário Soares ter sido detectado por um radar quando circulava a 200 quilómetros por hora, foi a vez de a comitiva de Cavaco Silva também ter sido vista em excesso de velocidade, não pela polícia, mas pelos jornalistas.
Os profissionais da Comunicação Social, que seguiam a 120 quilómetros por hora, foram ultrapassados por seis carros da comitiva [de Cavaco] que seguiam a alta velocidade. Os jornalistas ainda aceleraram até aos 160 para tentar acompanhar a caravana, mas dada a velocidade a que os automóveis seguiam, foi impossível apanhá-los.

:: enviado por JAM :: 1/13/2006 10:08:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

O não apoio que faltava

Com as críticas de Santana Lopes, a candidatura de Cavaco espera agora chegar aos 65% logo na primeira volta. AMS

:: enviado por JAM :: 1/13/2006 09:56:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Esperamos ansiosamente pelo próximo reclame da EDP

Há uma ligação directa entre esse anúncio da PT e um da Galp apresentado por altura do Euro 2004. Além da Portuguesa, o reclame transporta inúmeros outros símbolos e ícones visuais totalmente identificados com o país num sentido patriótico: a baixa pombalina, o Largo D. João da Câmara entre o Rossio e os Restauradores, a Ponte Vasco da Gama, a Gare do Oriente, o Panteão Nacional, o mapa de Portugal, a palavra Portugal num cachecol, a bandeira nacional, a foz do Tejo, a Torre de Belém...
Na verdade, o anúncio é emocionante, bonito, mostra coisas bonitas do país e mostra pessoas serenas e confiantes. [...] Os portugueses são quase todos grandes accionistas de Portugal, e quase nenhuns são grandes accionistas da PT.

:: enviado por JAM :: 1/12/2006 09:43:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Quando a máscara cai

É mais do que certo que, num futuro não muito longínquo, ainda se ouvirá dizer muito pior do neo-liberalismo do que hoje se ouve a respeito do comunismo. E o mais interessante é que não serão só os de esquerda a dizer mal :

A EDP, há dois anos, quando se tratou da privatização, prometia energia mais barata. Não temos, está mais cara e para o ano vai ser ainda pior porque vão deixar de estar limitados os aumentos à taxa da inflação, e portanto vai suceder o mesmo que sucedeu com os telefones quando foram privatizados: pior serviço, serviço mais caro. Os consumidores têm o direito de perguntar porque é que o Estado abre mão do nosso património em sectores estratégicos, essenciais para as pessoas, como é a electricidade e o telefone, e passamos a ter piores serviços. Porquê? Porque é que o estado pega num negócio que é nosso, que aparentemente não consegue gerir bem, entrega-o aos privados e passa a ser mais caro. E depois vamos ver que os gestores que aparecem, curiosamente, são quase todos gestores públicos. Porque toda a história de EDP, da Galp, passa por cinco ou seis personagens que aparecem sempre, num lado e no outro, que antes serviam o Estado e agora servem os privados nas empresas que foram privatizadas e, tudo isto, cheira a um jogo fechado de amigos, que começa a ser altamente perturbante.

:: enviado por JAM :: 1/12/2006 04:12:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

A nova Primavera europeia

O principal esforço da nova presidência austríaca da União Europeia envolverá o crescimento económico e o emprego. A segunda prioridade será o relançamento do debate sobre o projecto de Constituição Europeia.
Este objectivo do chanceler democrata cristão, Wolfgang Schuessel, que governa em coligação com a direita xenófoba, afigura-se algo estranho, quando é sabido que, de acordo com as sondagens, só um terço dos austríacos é favorável ao projecto constitucional, rejeitado no ano passado por franceses e holandeses.
Como ninguém sabe o que fazer com a Constituição, a presidência austríaca propôs lançar um debate entre políticos, intelectuais e gente da cultura, coincidindo com as celebrações do 250.° aniversário do nascimento de Mozart. O que nos parece é que vai ser preciso muito mais do que boa música para tirar a União da sua profunda crise institucional.
Para complicar as coisas, a Áustria já deixou claro que não deseja fixar datas para a entrada da Turquia no clube europeu. Por outro lado, a Comissão Barroso vai relançar a discussão da famosa directiva sobre a liberalização dos serviços e levá-la à votação do Parlamento Europeu.
Com a espinhosa questão do orçamento comunitário resolvido, seguem-se agora problemas como a regulação energética, para tentar reduzir a nossa dependência da Gazprom russa, a imigração, a investigação e as universidades. Respondendo a esses desafios, a chefe da diplomacia austríaca, Ursula Plassnik, garante que a UE está pronta para enfrentar uma “nova Primavera”.
Seria bom. Mas, o mais provável é ter que esperar, pelo menos, pela do ano que vem.

:: enviado por JAM :: 1/12/2006 11:08:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Palavras para quê ?

... é um empresário português:

É tão fácil encontrar um desempregado do Sul no meio de uma manifestação a queixar-se da fome, de bandeiras negras na mão e cuspindo ódio ao Governo, como encontrar um desempregado do Norte a trabalhar em Espanha para dar de comer aos filhos.

Para além do insulto barato aos morcões do Sul (vivó Porto carago!...), é nada mais nada menos a apologia do tradicional fado dos portugueses. Do salve-se quem puder. Do eterno toque de desenrascar. De um povo permanentemente entregue a si mesmo e para todo o sempre condenado a emigrar.

:: enviado por JAM :: 1/11/2006 03:26:00 da tarde :: 3 comentário(s) início ::

Assim se faz o saneamento das contas públicas

O Metro de Lisboa, presidido por Mineiro Aires, atribuiu uma obra sem concurso público a uma empresa, a Ferconsult, que por sua vez subcontratou uma sociedade da qual o próprio Mineiro Aires foi sócio. Ao fazê-lo, o Metro pagou à Ferconsult mais 300 mil euros para a obtenção da prestação de serviços do que aquilo que pagaria se tivesse contratualizado por via directa.

É isto que destrói a confiança dos portugueses nas suas instituições, é isto que constrói um país em que metade dos portugueses vive desconfiado da outra metade. São coisas destas que criam um sentimento genérico de que há verdadeiramente uma classe de gente “poderosa” que sobretudo encontra no Estado uma forma de tratar de si própria e não de servir a imensa e maioritária multidão mergulhada na vidinha quotidiana, que tudo paga e que só encontra dificuldades. Uma parte dos políticos e dos gestores públicos preferem sempre escudar-se em pareceres, em leis que eles próprios fizeram e votaram, nos inevitáveis alçapões dos processos administrativos. Ficam tranquilos por proclamarem a sua ideia de lei e de ética, mas terão de aceitar também que não nos conformemos com isso. E que não queiramos uma lei que protege interesses de recorte pouco claro.

:: enviado por JAM :: 1/11/2006 02:25:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, janeiro 10, 2006

Sob a estrela do Norte passa a mouro na costa

Por coincidência, tudo o que hoje escrevemos aqui em baixo sobre o Afixe, poderá repetir-se a propósito do Sob a Estrela do Norte, um blogue que, desde as terras frias finlandesas, tem mantido a ponte e a presença na lusofonia, há precisamente dois anos. Acabou hoje.
Releiam pois o que escrevemos e, para além de substituírem Afixe por Sob a Estrela do Norte, no lugar de de vagares, ponham mouro na costa. Por enquanto.

:: enviado por JAM :: 1/10/2006 11:58:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O valor de um refém

No Sábado passado, uma jornalista americana foi sequestrada no Iraque. O seu intérprete, um jornalista iraquiano, foi morto com dois tiros. O patrão da jornalista, o Christian Science Monitor, pediu a todos os media presentes em Bagdade para nada publicarem e manterem o maior discernimento sobre o assunto. O pedido foi respeitado. Muitos desses media retiraram mesmo dos seus sites web os artigos que tinham dedicado ao rapto. Hoje, o Christian Science Monitor levantou o blackout e publicou a informação no seu site. A jornalista chama-se Jill Carroll, é uma correspondente freelance, há dois anos em Bagdade.
É impressionante o silêncio observado pelos media internacionais, durante três dias, testemunha de uma solidariedade impar entre jornalistas. Mas a organização Repórteres sem Fronteiras mostra-se muito céptica quanto à ideia do blackout. Considera, ao contrário, que a mediatização do sequestro seria uma melhor estratégia para aumentar as hipóteses de sobrevivência. Só que o Christian Science Monitor alimenta esperanças de que, se os raptores não encontrarem na Internet qualquer referência ao rapto, se desiludam quanto ao valor da sua “presa” e a libertem.
Duas concepções radicalmente antagónicas: segundo uma, é o valor do refém que o poderá salvar; na outra, é a sua ausência de valor.

:: enviado por JAM :: 1/10/2006 10:51:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

O Afixe virou de Vagares...

Com as últimas badaladas de 2005, acabou o Afixe, o mais ecléctico dos blogues nascidos do Big Bang da Blogosfera portuga. Foi sem dúvida um dos mais visitados e estimados pelos internautas. Mas, como nada é eterno e o mundo é composto de mudança, os seus servos da bloga cansaram-se e puseram fim ao projecto que tinha começado em 12 de Abril de 2004. As últimas passas do reveillon 2005 prolongaram-lhe a respiração assistida até aos Reis, mas desta vez é verdade : o Afixe acabou. Depois do Barnabé, é mais um blog que vai certamente deixar saudades.
Ficamos pois voltados para o sucessor do Afixe... que, para já, não tem pretensão de o ser.

:: enviado por JAM :: 1/10/2006 11:18:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

O candidato mais citado pelos blogues

Numa pesquisa feita pela Agência Lusa no site www.technorati.com, o nome de Cavaco Silva surge em primeiro lugar com 13.776 citações, seguido por Mário Soares com 11.766.
Resolvemos verificar a exactidão desta “sondagem” e constatámos que a pesquisa da Lusa foi mal feita. Os resultados que obtivemos foram os seguintes:

Alegre - 164.276 posts (41%)
Louçã - 158.772 posts (40%)
Soares - 44.915 posts (11%)
Cavaco - 25.559 posts (6%)
Jerónimo - 7.841 posts (2%)

:: enviado por JAM :: 1/10/2006 12:05:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

segunda-feira, janeiro 09, 2006

A CIA ajudou o Irão a estabelecer o programa nuclear

A ideia pode parecer estapafúrdia. Sobretudo de imaginarmos que a ajuda foi fornecida pela agência americana ao pior embaixador do “eixo do mal”, aquele que, tanto europeus como americanos, menos desejariam que fosse capaz de desenvolver uma arma atómica. Pode, no entanto, tratar-se da mais irresponsável operação da história moderna da agência de informações americana. A tese é defendida num livro sobre as actividades da CIA, publicado na semana passada nos Estados Unidos: State of War, escrito por um jornalista do New York Times, James Risen.
Segundo Risen, a CIA teria fornecido ao Irão, no início de 2000, os planos para fabricar uma bomba nuclear. Planos falsos, evidentemente, que se destinavam simplesmente a colocar areia na engrenagem do programa nuclear iraniano. Para fazer chegar esses planos ao Irão, a CIA contou com a ajuda de um agente duplo russo, um cientista desertor do programa nuclear soviético. Só que, afirma Risen, as falhas eram tão toscas que o agente russo se mostrou disposto não só a indicar a Teerão as falsas pistas contidas nos documentos, mas também a receber dinheiro para corrigi-las.

:: enviado por JAM :: 1/09/2006 09:15:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

De morrer de rir

Não é nosso hábito aqui no Briteiros contar anedotas. Mas esta é mesmo a melhor anedota de loiras de sempre. Divirtam-se!

:: enviado por JAM :: 1/09/2006 08:20:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

domingo, janeiro 08, 2006

O PS lança Cavaco

Qualquer pessoa com um pingo de bom senso concordará com as declarações de Garcia Pereira. A trapalhada da Iberdrola, na qual o PS não só não fez o trabalho de casa legislativo como abriu as portas à invasão espanhola, pela mão do seu deputado e ex-ministro, digno legatário de Miguel de Vasconcelos, aconteceu no momento mais inoportuno: Cavaco Silva não esperava melhor oferta de votos e aproveitou-a da melhor maneira.
Ao solidarizar-se com a intervenção do presidente Sampaio, o candidato da direita mostrou aos portugueses, graças à irresponsabilidade do governo, de que lado estão os geradores de conflitos de interesses e os defensores dos centros de decisão nacional, em domínios tão estratégicos como o da energia.
Quando se fala tanto na moralização das várias camadas da sociedade portuguesa, é no mínimo desconfortável a acumulação de incompatibilidades de um ex-ministro e actual deputado da maioria, que é igualmente presidente executivo da empresa estrangeira com quem negociou enquanto ministro.

P.S.: Também estou de acordo com Garcia Pereira quando diz que Freitas do Amaral teria sido o candidato ideal do PS de Sócrates.

:: enviado por JAM :: 1/08/2006 06:25:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

Um pequeno jogo

Com o programa Google Maps é possível voar em segundos da Torre Eiffel, em Paris, até às Cataratas do Iguaçu, no Brasil, usando apenas o cursor do rato. A perspectiva é a de um astronauta mergulhando em direcção à Terra. Com a mesma facilidade, é possível encontrar um restaurante em Nova York ou, partindo do aeroporto de Lisboa, percorrer o mundo todo.
Bem... todo, todo, não! Existem zonas propositadamente protegidas, como esta:

Tentem adivinhar de que zona se trata.
1) a CIA
2) a Casa Branca
3) a casa de Dick Cheney
4) a casa de Arnold Schwarzenegger
5) o Palácio de Belém

Resposta aqui.

:: enviado por JAM :: 1/08/2006 11:33:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Fumar é de direita

Pela nova lei anti-tabaco que entrou em vigor em Espanha no dia 1 de Janeiro, é proibido fumar nos locais de trabalho, nos bares, restaurantes e lugares públicos com mais de 100 m2. De acordo com uma sondagem publicada no El Mundo, mais de 70% da população aprova a lei anti-tabaco, embora mais de metade dos inquiridos ache que a lei é severa e apenas 36% a considere adequada.
No entanto, dois milhões de fumadores garantem que não acatarão a lei. O jornal espanhol estabelece o retrato robô do “objector de consciência à lei anti-tabaco”: trata-se de um homem, jovem, votante no PP. O El Mundo constata assim o efeito da “politização dos comportamentos”, estabelecendo a ligação entre tabaco e política. O próprio primeiro ministro Zapatero disse-o claramente: Fumar é de direita.

:: enviado por JAM :: 1/05/2006 11:38:00 da manhã :: 1 comentário(s) início ::

terça-feira, janeiro 03, 2006

A estratégia de Putin

Cara Luísa,
Obrigado por tentar explicar-me quem é o Timothy Bancroft, mas tenho a dizer-lhe que leio os seus artigos há muito mais tempo do que julga. E, às vezes, até estou de acordo com o que ele escreve. Que eu saiba, o pravda.ru não tem sede em Cascais. Mas o que está aqui em causa não é o correspondente português do Pravda (também sei que já não é o jornal oficial do PCUS) mas sim o presidente Vladimir Putin e os seus capangas da Gazprom.
Putin vai deixar o Kremlin dentro de dois anos e é sabido que tem estado a preparar tudo para continuar numa posição de força, fora da instituição presidencial, com novos poderes de equilíbrio e de vigilância. Putin, fiel discípulo de Yuri Andropov, tem criado na Rússia um feudalismo vertical sem precedentes. Ou seja, a substância do Estado russo tem sido intimamente transmitida a enormes empresas que, por detrás do biombo do mercado, continuam a ser propriedade exclusiva do Estado e conduzem a verdadeira política do país. O abate do oligarca Khodorkovsky inseriu-se nessa lógica, para evitar que ele se tornasse o patrão todo poderoso do gigante resultante da fusão da Ioukos com a Sibneft.
Para resumir, Putin pretende agarrar as rédeas da Gazprom e tornar-se assim o homem mais poderoso da Rússia, que conduzirá a verdadeira política estrangeira do Estado. A nomeação de Schröder, como conselheiro dessa imensa sociedade, serve para preparar a chegada do novo csar e aquecer-lhe a cadeira. Há más línguas que dizem que Silvio Berlusconi poderá mais tarde vir a juntar-se a eles.
Putin definiu uma estratégia fundada nas profundezas da História russa e soviética, que seria fastidioso resumir aqui. Mas, para compreender melhor essa sua estratégia, lembro só a situação institucional que se criou com a adopção do mandato presidencial de quatro anos, renovável, à americana, por mais uma só vez. Putin estava a ser empurrado por maus conselheiros, fascinados pela ditadura, para infringir a Constituição e apresentar-se a um terceiro mandato em 2008. Mas o homem, que não é nem o cínico, nem o irresponsável violento que todos os seus adversários pintam, recusou essa solução de força, tal é a interpretação que ele tem de que o seu reinado deverá resultar de uma lei única e igual para todos.
Agora, não se pode compreender o castigo da Ucrânia e o corte do gás, sem compreender as suas ligações com essa estratégia de condução da política estrangeira russa através da Gazprom.

:: enviado por JAM :: 1/03/2006 11:43:00 da tarde :: 4 comentário(s) início ::

segunda-feira, janeiro 02, 2006

O gás é uma arma

O camarada Vladimir Putin resolveu castigar a Ucrânia pelas suas veleidades pró-ocidentais. Exige que lhe paguem preços internacionais pelo gás que lhes fornece e, como alternativa humanitária, oferece-lhes um crédito envenenado. O presidente Yushchenko sabe bem que longe da mãe Rússia faz muito frio e que não é por acaso que a subida do preço do gás foi anunciada em pleno Inverno. Sabe também que se decidiu fazer entrar o seu país na NATO e aproximá-lo o mais possível da União Europeia, está visto que terá que resignar-se a pagar o preço da liberdade.
A Rússia é o primeiro produtor mundial de gás. O camarada Putin, que tem intenções de dar um novo brilho ao Império russo, empenhou-se para isso numa reconquista dos hidrocarbonetos do seu país, com determinação e sem escrúpulos, como se viu pela prisão do proprietário da gigante petrolífera Ioukos, com o objectivo de assegurar a sua desnacionalização parcial.
O camarada Putin faz também pressão sobre a Lituânia, para que compre o gás russo em vez do do Casaquistão. Projecta mesmo construir uma conduta sob o Báltico em direcção à Alemanha, para desviar da via ucraniana. Foi para dirigir esse projecto que contratou Gerhard Schröder logo que este deixou a chancelaria de Berlim.
Na próxima cimeira do G8, que terá lugar em Moscovo, o camarada Putin pretende apresentar-se como um parceiro fiável e sustentável para o fornecimento energético da Europa e dos Estados Unidos. Ou seja, um fornecedor de peso. É preciso que os europeus não se esqueçam disso.

:: enviado por JAM :: 1/02/2006 12:37:00 da tarde :: 4 comentário(s) início ::

domingo, janeiro 01, 2006

Coragem para 2006

Os desafios de cada ano que começa são sempre aumentados de tudo aquilo que não foi visado com suficiente coragem nos anos precedentes. Por isso, no momento em que se renovam promessas para um Ano Novo, é importante não só que as promessas que fazemos se possam cumprir, mas também que elas correspondam aos verdadeiros desafios que temos pela frente.
Será preciso, antes de mais, aprender os gestos de solidariedade, não só planetária, para com as vítimas das catástrofes humanitárias, mas sobretudo local, para com aqueles que vivem junto de nós. Os desequilíbrios climáticos vão certamente dar muito que falar, mas também os desequilíbrios económicos vão provocar o aumento das muitas formas de escravatura dos tempos modernos e agravar o número de seres humanos que se sentem excluídos e inúteis.
O petróleo barato acabou-se definitivamente e a curva do desenvolvimento mundial está a cruzar-se com a do esgotamento dos recursos. Como se a humanidade tivesse atingido todos os máximos possíveis nas trocas comerciais, no desenvolvimento urbano, na esperança de vida, no nível global de instrução, e todas essas curvas tivessem começado a inverter-se e a regredir.
Será que, até agora, temos vivido acima dos nossos meios? Será que os padrões de vida que temos levado são impossíveis de manter? Será inevitável esta nova era de grandes dificuldades que se aproxima?
Talvez não seja. O problema actual da humanidade parece ser mais a falta de coragem. Não vivemos propriamente uma crise de identidade, mas sim uma ausência total de audácia para retomarmos os gestos dos nossos pais e inventarmos algo de novo. Não são os bens nem a felicidade que nos faltam, mas apenas essa gratidão que abre o desejo de os partilhar, de os comunicar, e é só essa partilha que poderá fazer deles algo de feliz neste Novo Ano e nos que virão a seguir.

:: enviado por JAM :: 1/01/2006 11:18:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::