BRITEIROS: A SIDA e o desenvolvimento económico <$BlogRSDUrl$>








sexta-feira, dezembro 01, 2006

A SIDA e o desenvolvimento económico

É a segunda vez que a OIT chama a atenção da opinião pública e dos governos para as consequências da SIDA sobre o desenvolvimento económico. Desta vez, o relatório é particularmente rigoroso. Os efeitos da doença são de tal modo graves que é nos países mais pobres que a sua prevalência mais se acentua. Sabe-se que as regiões do mundo mais afectadas são a África subsariana e o Sudeste asiático, seguidas da Europa de Leste e da Ásia Central. Precisamente as regiões onde as estruturas estatais são mais fracas e os governos muitas vezes ignorantes ou mais negligentes.
O exemplo mais flagrante é o da fome que atingiu a África austral nos anos 2002-2003. Nessa altura, grassou uma seca invulgar nos países da região. As populações, predominantemente agrícolas, ficaram menos resistentes por causa da doença. Houve, por isso, mais mortes do que noutras circunstâncias.
Quando essas mortes atingem chefes de família ou jovens adultos, os sobreviventes têm tendência a mudar para culturas que exigem menos esforços, mas que também são mais difíceis de comercializar. A crise é, por isso, acentuada. Para além disso, as crianças em idade escolar passam a ser mobilizadas para trabalhar nos campos, fazendo com que tenham que abandonar os estudos. Cria-se assim um círculo vicioso em que a doença gera pobreza, ao mesmo tempo que reformas inoportunas desorganizam as actividades agrícolas.
Também o ensino e todo o sistema de transmissão de conhecimentos são fortemente afectados pela epidemia. É flagrante, por exemplo, o caso dos professores do secundário que morrem duas vezes mais de SIDA do que de qualquer outra doença. Ou o caso do desaparecimento dos trabalhadores experientes que dificulta ainda mais a aprendizagem.
Enfim, a grande maioria dos governos, para além de não ser capaz de proceder às necessárias campanhas de informação, também não sabe adaptar os seus planos de desenvolvimento às modificações da força de trabalho provocadas pela epidemia.

:: enviado por JAM :: 12/01/2006 11:50:00 da tarde :: início ::
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