quinta-feira, maio 19, 2005
A liga dos campeões
Soou o apito inicial do grande jogo da reforma da ONU.O G-4 – Brasil, Índia, Alemanha e Japão – deu o pontapé de saída com um projecto de resolução para expandir o Conselho de Segurança da ONU de 15 para 25 membros.
A vitória é difícil. No campo dos adversários um segundo quarteto formado pela Itália, México, Canadá e Coreia do Sul é fortemente apoiado por uma claque de países ressentidos. Esses países rivais, organizados na defesa, arquitectaram uma estratégia de contra-ataque ao G-4.
O G-4 está confiante e garante estar próximo de conseguir o apoio do número mínimo de 128 países necessários para aprovar a reforma e ganhar a desafio. Mas, terá que superar o importante obstáculo imposto pela equipa de arbitragem – os cinco membros permanentes com direito a veto, Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França.
O árbitro – um tal George W. Bush – começou por fazer uma advertência ao G-4 de que o seu apoio à campanha de reformas do Conselho de Segurança está descartado, a não ser que eles desistam da aspiração do poder de veto. O embaixador brasileiro na ONU, na posição de líbero, fez uma jogada de mestre ao propor que os novos membros do CS possam ter direito a veto, mas não o utilizem durante 15 anos. Em 2020, a ONU convocaria uma conferência para decidir o fim dessa suspensão.
A flexibilidade táctica do G-4 na questão do poder de veto foi basicamente uma constatação realista do preço exorbitante cobrado pelo árbitro para aceitar a reforma do CS. A finta do Brasil abriu o espaço para negociações diplomáticas capazes de ganhar terreno sobre os adversários. Mas a China está a fazer marcação homem a homem ao Japão e até orquestrou tumultos de rua para revelar claramente essa posição.
O argumento formal do árbitro contra a popularização do poder de veto é que paralisaria o Conselho de Segurança. É evidente que o árbitro pretende influenciar o resultado e avança com a sua própria proposta de reformas da ONU que, obviamente não é exactamente a mesma defendida pelo G-4. Para isso, conta com o seu fiscal de linha, o controverso diplomata John Bolton, indicado para ser o seu embaixador na ONU. Mas o conselho de arbitragem, o Senado americano, ainda não decidiu se Bolton será o mais perspicaz para detectar as mais subtis situações de fora de jogo.
A partida está empatada e aproximamo-nos do final da primeira parte...
:: enviado por JAM :: 5/19/2005 10:52:00 da manhã :: início ::