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sexta-feira, setembro 09, 2005

A gasolina e o Estado

Hoje, em consequência da queda do preço do petróleo, os preços da gasolina e do gasóleo baixaram nas bombas do Luxemburgo. A gasolina sem chumbo 98 passou de 1,31 para 1,22. No mesmo dia, em Portugal, a Galp Energia e a BP aumentaram os preços do gasóleo em pelo menos um cêntimo e o valor da gasolina em pelo menos dois cêntimos. É assim entre nós. Quando os preços do petróleo aumentam, os da gasolina aumentam. Quando os preços do petróleo baixam, os da gasolina... aumentam.
Em França, o ministro da Economia lançou um ultimato às companhias petrolíferas ameaçando-as de lhes aumentar os impostos, caso elas não dêem mostras de uma “atitude cidadã”, baixando significativamente os preços dos combustíveis nas bombas. No entanto, perante as greves e bloqueios dos taxistas, camionistas e pescadores, o mesmo governo recusa-se a baixar os impostos directos sobre os produtos petrolíferos, alegando que, se os preços aumentaram, os consumos diminuíram.
Se o Estado pode desempenhar um papel de amortecedor, não pode no entanto impedir os choques sobre os quais pouca ou nenhuma influência tem. É o caso do actual choque petrolífero. A exorbitância dos preços do ouro negro explica-se por razões de fundo que não vão desaparecer de um dia para o outro. A economia mundial viveu no ano passado o maior crescimento dos últimos trinta anos e tem naturalmente sede de petróleo. E, apesar da crise, os níveis de crescimento vão manter-se e, com eles, o consumo de petróleo vai continuar a aumentar.
Mas a pressão é forte e, quer os impostos, que aumentam à medida que os preços sobem, quer os lucros das companhias petrolíferas, que atingem valores escandalosos, são vistos pelos consumidores como cada vez mais insuportáveis. Mesmo nos Estados Unidos, o país do liberalismo, o Estado é chamado a intervir logo que os preços da gasolina disparam. A regra de ouro da política americana, segundo uma piada que circula em Washington, diz que a missão principal do presidente dos Estados Unidos é fazer com que o preço do galão de gasolina não ultrapasse nunca o preço do galão de leite. Só aconteceu uma vez, na presidência de Jimmy Carter,... e nessa altura os eleitores mandaram-no de volta para a sua Georgia natal.

Adenda:

O jornal Le Monde acaba de anunciar que, na sequência das ameaças do ministro francês de instaurar um imposto extraordinário sobre as companhias petrolíferas, o preço da gasolina sem chumbo acaba de baixar cerca de 3 cêntimos e o gasóleo 2 cêntimos.
Água mole em pedra dura...

:: enviado por JAM :: 9/09/2005 09:33:00 da tarde :: início ::
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