quinta-feira, outubro 06, 2005
O sentido da demissão
Peseiro parece pretender fazer, no futebol, aquilo que Schroeder quer fazer na política: resistir até à última. […] Se aqueles que ocupam lugares de topo demonstrarem, em actos e não somente em palavras, que estão disponíveis para os abandonar quando os maus resultados obtidos assim o exijam, poderemos incutir, a todos os níveis da sociedade, a importância do conceito de serviço e de princípios como a transparência, o rigor e a exigência.
Ora, comportamentos como os de Schroeder e de Peseiro, que transmitem à generalidade dos cidadãos a ideia de apego absoluto ao cargo (ou, porque não dizê-lo, ao poder), vão exactamente no sentido oposto daquela que é a evolução necessária.
Diário de Notícias
É um facto que a forma reflexa do verbo “demitir” (no sentido de renunciar a um posto) tem vindo a cair em desuso, sobretudo nos países mediterrânicos. Em português, quando se diz “demitir”, pensa-se apenas na forma transitiva do verbo, que significa exonerar, tirar o cargo a alguém. Por isso assistimos à obscura teimosia de pessoas que, como Peseiro, Schroeder ou Fazio, o governador do Banco de Itália envolvido num escândalo bancário, estão convencidos que não agiram de maneira incorrecta e, por conseguinte, não cedem a pressões e só saem se forem demitidos.
:: enviado por JAM :: 10/06/2005 06:38:00 da manhã :: início ::