segunda-feira, dezembro 26, 2005
Aprender com as lições do tsunami
Faz hoje um ano que o maremoto de 26 de Dezembro de 2004, uma das piores catástrofes naturais dos últimos séculos, ceifou cerca de 300 mil vidas. As réplicas sísmicas que se produziram, três meses mais tarde, fizeram mais umas centenas de mortos. Milhares dessas pessoas teriam podido salvar-se, se previamente tivesse sido instalado um sistema de prevenção deste tipo de catástrofes.
O Guardian escrevia há dias que “as ajudas humanitárias são vitais para se poderem socorrer as vítimas das catástrofes naturais. No entanto, valeria muito mais utilizar esses fundos no reforço da prevenção, do que no fornecimento de ajudas de emergência quando o pior acontece”.
A nota positiva da catástrofe de há um ano foi a extraordinária onda de solidariedade à escala mundial, que só pecou por uma má coordenação das principais ONG na utilização dos fundos e na canalização eficaz das ajudas necessárias. Talvez por isso, a outra grande catástrofe natural, que foi o sismo de Cachemira, não desencadeou, nem de longe, o mesmo movimento de solidariedade e, em consequência, pessoas fragilizadas continuam a morrer de frio, por falta de um tecto. Isso, para não falar da fome no Níger que, também ela, sensibilizou muito poucos.
Em tempo de Natal, que ainda rima com solidariedade, seria útil que a comunidade internacional, talvez sob a égide da ONU, pudesse reflectir sobre a criação de mecanismos de gestão da solidariedade internacional que permitissem evitar que às profundas desigualdades já existentes se acrescente mais uma outra desigualdade: a da generosidade.
:: enviado por JAM :: 12/26/2005 12:09:00 da manhã :: início ::