terça-feira, agosto 08, 2006
Soldados israelitas que preferem a prisão à guerra
Em 1982, foi necessário um ano e meio para que soldados e oficiais israelitas se decidissem a recusar o apelo à mobilização e as ordens para entrarem no Líbano. Em 2006, ao fim de três semanas, o primeiro-sargento Zohar Milchgrub foi mandado para a prisão por ter se recusado a ser mobilizado como reservista para o Líbano.No decurso de uma manifestação anti-guerra, que teve lugar no Sábado passado em Telavive, esse objector de consciência deu uma entrevista ao Lebanews:
L: A que unidade do exército pertence?
ZM : À unidade de infantaria.
L : Quando foi que decidiu recusar ser mobilizado?
ZM: Tomei a decisão de recusar continuar o serviço militar quando estava na IDF. Já era muito claro para mim que nunca mais voltaria a entrar nos territórios ocupados. A minha decisão de me recusar a servir nesta guerra foi pois tão natural como recusar servir nos territórios ocupados.
L: Quer dizer que a opinião pública israelita em relação a este conflito é diferente da que têm da ocupação?
ZM: Em primeiro lugar, os sentimentos pró-guerra e a exaltação dos media tiveram sem dúvida os seus efeitos. A sociedade segue o apelo sem escrúpulos nem reservas, mesmo as pessoas que se consideram de esquerda, que é a minha própria família política.
L: As pessoas estão mais motivadas a servir no Líbano que nos territórios ocupados?
ZM: Absolutamente. Um amigo meu está neste mesmo momento no Líbano com a sua unidade. Lembre-se que houve uma incursão nas fronteiras israelitas que atingiram a soberania e isso é problemático. Contudo, nós devemos olhar para o Líbano como um país, com quem se deve dialogar. Se quisermos ter a mais pequena esperança de acabar com tudo isto, teremos que dialogar com o Líbano e teremos mesmo que dialogar com o Hezbollah. Acreditamos mesmo que isso é possível ― soberania real libanesa sobre todos os territórios libaneses e a um acordo de paz com o Líbano que, se Deus quiser, seria de algum modo associado a um acordo de paz com a Síria e com os palestinianos.
L: Como é que a esquerda israelita responde a esta guerra?
ZM: Eu não posso falar em nome de toda a esquerda ― e, de qualquer modo, penso que a verdadeira esquerda é a que está presente nesta manifestação. O que é triste é que a esquerda israelita precise de ver perdas humanas para começar a manifestar-se contra a guerra.
L: Perdas israelitas?
ZM: Bem, não gostaria de dizer que eles não são sensíveis às outras perdas humanas, mas há uma muito maior sensibilidade em relação às perdas israelitas, o que é pena. No entanto, vemos que o número de pessoas que se juntam a nós aumenta de semana para semana ― faz parte da guerra: as pessoas começam a despertar das suas ilusões.
L: Quanto tempo pensa que vai passar na prisão?
ZM: O menos possível, talvez à volta de um mês. Se, até lá, a guerra não acabar, sairei do país. Estava a pensar começar os meus estudos na Alemanha este ano.
L: Alguns dos nossos leitores vão certamente querer escrever-lhe, apesar de você não lhes poder responder da prisão. Quer dizer-lhes alguma coisa agora?
ZM: Antes mesmo de tomar a decisão que tomei, enviei e-mails para todos os meus amigos na Alemanha, na Itália, nos EUA e mesmo no Japão para lhes dizer que a minha atitude tem a ver com o maravilhoso apoio que sempre me deram. Quase imediatamente, recebi inúmeras respostas de encorajamento e de solidariedade e agradeço vivamente todos aqueles que nos apoiam.
(entrevista traduzida do site Lebanews)
:: enviado por JAM :: 8/08/2006 04:31:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
-
Ainda bem que há quem assim pense.No entanto a verdadeira esquerda israelita desde sempre se tem manifestado contra a guerra. Basta conhecer as posições do Partido Comunista de Israel por exemplo em -http://maki.org.il/Gaza%20Crimes.html- para verificar que assim é.De ja, em agosto 08, 2006 10:01 da tarde
Quanto ao Partido Trabalhista de Israel...estamos conversados!!!