domingo, novembro 12, 2006
Da impunidade ao caos
O veto dos Estados Unidos ao projecto de resolução apresentado pelo Qatar caiu como um balde de água fria no seio da ONU. Embora não sendo surpreendente o facto de os EU apoiarem qualquer acção de Israel, por mais desproporcionada e criminosa que seja, esta nova decisão americana suscitou uma onda de indignação por todo o mundo, especialmente no Médio Oriente. Desta vez, até a Comissão Europeia criticou os bombardeamentos sangrentos de Israel em Beit Hanoun.Com mais esta ofensiva, o poderoso exército de Israel aproxima-se ainda mais de um bando de assassinos que, umas vezes por engano, outras vezes porque se sente provocado, dispara sobre tudo o que mexe. E, como é sabido, o que mais mexe numa sociedade moderna são as crianças a brincar, as mulheres que vão ao mercado e os trabalhadores que vão para as fábricas.
O projecto de resolução pedia a libertação de todos os funcionários palestinianos detidos por Israel e solicitava à Autoridade Palestiniana que adoptasse acções imediatas para suster os ataques com mísseis a partir de Gaza sobre o território de Israel. O texto solicitava também o restabelecimento das ajudas de emergência da comunidade internacional à população palestiniana, com o objectivo de aliviar a difícil situação humanitária. A iniciativa pedia ainda ao governo de Israel a restituição do fornecimento de combustíveis a Gaza, bem como uma “acção expedita” para substituir os equipamentos destruídos pelo bombardeamento israelita à central eléctrica palestiniana. O embaixador dos Estados Unidos, John Bolton, justificou o veto assinalando que o projecto era desequilibrado e tardio. Porque “pedia acções só a uma das partes em conflito e não à outra” [sic]. Palavras ocas.
É a segunda vez, este ano, que os Estados Unidos censuram uma resolução do Conselho de Segurança referente a operações militares israelitas na faixa de Gaza. Quanto tempo mais vai ser preciso esperar para termos uma ONU ao serviço dos seus propósitos, em vez de continuar a ser um mero instrumento nas mãos das potências atómicas? A situação vergonhosa não mudará enquanto a comunidade internacional não compreender que o poder que esses países têm no seio das Nações Unidas é pernicioso para todo o mundo no seu conjunto.
:: enviado por JAM :: 11/12/2006 06:58:00 da tarde :: início ::