terça-feira, novembro 28, 2006
O PNL
Na minha actividade de musculação do polegar a que alguns chamam zapping, fui ter a uma entrevista de Maria João Avillez (a tal que consegue entrevistar a irmã durante uma hora sem nunca mencionar o parentesco) à Ministra da Educação e mais duas senhoras de que não retive o nome. Tratava-se de discutir o Plano Nacional de Leitura. Como gosto de ler, fiquei. O problema parece grave: os portugueses, especialmente os jovens, lêem pouco e, pior ainda, não percebem o pouco que lêem. Dito assim, assusta. Anda o Governo a escrever mensagens nos maços de tabaco e, depois, a maior parte da população não as sabe interpretar.Como cheguei quase no final da entrevista, não percebi bem qual era o Plano. Felizmente há um site. E que diz o site? Diz que o PNL é um desígnio nacional! E propõe-se fazer o quê para atingir esse desígnio? recomendar livros para os alunos e as famílias lerem em casa (embora desconfie que só uma família destruturada conseguirá ler em conjunto as primeiras 300 páginas do Tolkien), criar bibliotecas nas escolas e obrigar os alunos a ler na sala de aula a fim de criar um “clima” favorável à leitura. Tudo isto com mecenas, patrocinadores, parceiros, comissões e apoios de jornalistas e escritores.
Longe de mim ser contra este desígnio nacional. Serei sempre o ultimo a afirmar que a leitura não é essencial e, pelo caminho que isto vai, o País arrisca-se a ter um dia mais escritores do que leitores. Espero sinceramente que o PNL seja um sucesso e que num futuro próximo se possa assistir nas bancadas de um Sporting-Benfica a discussões sobre a obra de Nietzsche e a influência de Saramago no falhanço da grande penalidade.
Só me espanta um pouco que seja necessário um Plano Nacional para criar bibliotecas nas escolas, na medida em que julgava que as bibliotecas já faziam parte das infra-estruturas escolares. Mesmo sem Planos, mecenas ou comissões. E também tenho algumas dúvidas se “obrigar” alguém a ler seja o melhor caminho para se gostar de literatura mas isso já deve ser um problema meu.
Pessoalmente, julgava que algumas medidas mais pacatas do género ensinar os alunos a ler e a escrever correctamente na primária mesmo que para isso aprendam um pouco menos de mecânica quântica, publicação de livros de bolso baratos a seguir à primeira edição como fazem os ingleses, ser intransigente na denuncia de certas traduções, vergastar na praça publica quem queira implementar o TLEBS, evitar que tanta gente viva em limiares de pobreza que façam com que a leitura seja a ultima das suas preocupações e mais umas coisitas assim com menos "visibilidade", seriam porventura mais eficazes.
No entanto, quero deixar aqui uma palavra para as pessoas da Comissão do PNL: continuem. Com a quantidade de gente envolvida nas comissões, nos apoios, nos mecenas, o Plano já assegura a edição de 2 milhões de livros. Facilmente.
:: enviado por U18 Team :: 11/28/2006 02:15:00 da tarde :: início ::