terça-feira, março 20, 2007
Mais uma vez « não »
Como era de esperar, a resposta foi “não”. Mais um “não”, sem apelo nem agravo. E a razão desse novo “não” foi porque “infelizmente, o programa deste governo não inclui, nem explicita nem implicitamente, os três princípios internacionais do reconhecimento de Israel, da aceitação dos acordos passados e da renúncia ao terrorismo.O programa do novo governo de unidade confirma que “a resistência é um direito legítimo do povo palestiniano” e que “a sua suspensão depende do fim da ocupação e da obtenção da liberdade, do direito ao regresso (dos refugiados) e da independência”. Se considerarmos que os actos terroristas do Hamas podem ser assimilados a actos de resistência, torna-se claro que os propósitos do novo governo de unidade significam, pelo menos implicitamente, a renúncia do terrorismo. Aí cai por terra a primeira razão deste “não” de Israel.
Ao mesmo tempo, o governo de unidade declara-se disposto a “trabalhar, não só para manter a trégua, mas também a alargá-la para que ela possa vir a ser completa, mútua e sincronizada, em troca do empenho de Israel em pôr fim às suas medidas de ocupação”. Em relação aos acordos passados, o programa garante que “o governo trabalhará, juntamente com a comunidade internacional, para pôr fim à ocupação e a restabelecer os direitos legítimos do povo palestiniano”. E não diz — contrariamente ao discurso do Hamas — que é preciso destruir Israel e criar um Estado palestiniano dentro das fronteiras do tempo do mandato britânico. Quando diz querer “trabalhar com a comunidade internacional para pôr fim à ocupação”, é à ocupação dos territórios ocupados após 1967 que deseja pôr fim e não à existência do Estado de Israel.
Ou seja, se o reconhecimento de Israel não é explícito, é claramente implícito, sobretudo se lhe juntarmos a vontade do novo governo palestiniano de “respeitar as resoluções internacionais e os acordos firmados pela OLP”. Há pois uma dupla ruptura com a posição tradicional dos islamistas, uma vez que tanto as resoluções internacionais como os acordos assinados pela OLP — assinados com Israel — reconhecem evidentemente o Estado de Israel.
Mas Israel mais uma vez diz “não”. À semelhança deste nosso patrício que acha que “se os árabes baixarem as armas, acaba-se a guerra. Se Israel baixar as armas, acaba-se Israel”.
Porque será?
Etiquetas: Médio Oriente, Palestina
:: enviado por JAM :: 3/20/2007 11:40:00 da manhã :: início ::