quarta-feira, fevereiro 13, 2008
A barbárie
São seis os Conservatórios portugueses. Este foi oferecido a Aveiro pela Fundação Calouste Gulbenkian. Há uns anos foi a própria Associação de Pais que deu à Câmara de Aveiro cópia da escritura de doação que a própria câmara desconhecia. Fica assim explicado o desprezo a que o edifício foi votado pela autarquia ao longo dos anos. Dá Deus nozes a quem não tem dentes...
Vamos agora ver aonde o social liberalismo nos vai levar. Leia a posição da Fenprof aqui.
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:: enviado por RC :: 2/13/2008 02:46:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
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Não há só seis conservatórios no país. Há seis conservatórios públicos gratuitos e cerca de cem de gestão privada (habitualmente geridos por associações que fazem um esforço imenso para que as propinas mensais se situem abaixo dos 200 euros) no interior do país.De , em fevereiro 13, 2008 8:26 da tarde
Os conservatórios públicos estão todos no litoral (2 em Lisboa, Porto, Aveiro, Coimbra e Braga). O interior foi esquecido. Se os jovens do litoral têm o direito de estudar música de forma especializada, os do interior só o poderão fazer se puderem pagar mais de cem euros por mês.
Estes conservatórios não públicos, recebem um subsídio por aluno e detêm Pararelismo Pedagógico com os conservatórios públicos. Ou seja, num acto de contrição e má-consciência, o estado dá equivalência aos conservatórios do interior ao curso dos do litoral, só que obriga a que aqueles sejam pagos e bem pagos (já que o subsídio conferido é miserável).
Para além dos grandes conservatórios públicos do litoral - que estão em perigo, se bem que em perigo relativo -, os inúmeros conservatórios do interior, mantidos a funcionar com esforço sobrehumano por parte dos seus directores pedagógicos ao longo dos últimos 30 anos e com o esforço financeiro de milhares de encarregados de educação que prescidem por vezes de 30 ou mesmo 50% do seu salário mensal para que o filho possa estudar um istrumento musical de forma séria, vêem agora a sua existência sob enorme ataque. Mais que os conservatórios públicos do litoral, no interior a razia será total, amputando um bem e um direito essencial de formação cultural a milhares de alunos que tanto têm investido nos últimos anos.
O facto de o estado se ter desde sempre demitido das suas funções de prestar uma formação artística séria no interior, pelo menos nas mesmas condições que no litoral, é algo de muito grave e que, sem dúvida, tem que ser alvo de uma reforma. Só não me parece que fechar a torneira e forçar o encerramento compulsivo de centenas de escolas artísticas por esse país fora, seja o caminho correcto.
O mínimo exigível é a abertura de um conservatório público pelo menos em cada capital de distrito, acompanhado de uma rede de escola de menor dimensão, que possam complementar estes conservatórios públicos junto de populações mais distantes da capital de distrito.
Será sempre necessário manter os três regimes de frequência, cada um por razões específicas:
- Integrado: porque permite aos alunos que desejem prosseguir estudos artísticos profissionais terem condições de curriculum e de gestão de tempo escolar que lhe permitam o estudo regular do seu instrumento (será que os srs. ministros sabem que um estudante de música especializado tem que estudar o seu instrumento duas horas por dia?);
- Articulado: porque permite a alunos que não vivam na cidade onde se situa o conservatório prosseguir estudos artísticos especializados integrados no seu curriculum escolar, sendo dispensados de algumas disciplinas na sua escola regular (se um aluno viver em Vila Nova de Paiva e quiser começar a estudar no conservatório a partir do 5º ano, caso o Coservatório de Viseu vier a ter apenas a oferta de regime integrado, terá que se mudar para Viseu. Alugar um quarto numa terra distante, com 10 anos de idade, para que possa estudar música? Ou então fazer todos os dias 2 horas para cá e duas para lá? Ou então não estuda música... perde esse direito...)
- Supletivo: caso um aluno não esteja no mesmo grau de ensino no conservatório e na escola regular, como poderá frequentar os regimes integrado e articulado? (50% dos alunos nacionais estão nesta situação, e caso o regime supletivo acabe, eles serão forçados a deixar a música).
João Delgado