segunda-feira, outubro 04, 2004

Greve geral mundial, já!

Os pescadores franceses do Mar do Norte ao Mediterrâneo estão hoje em greve para protestar contra a alta incessante dos preços dos combustíveis e a consequente baixa catastrófica do rendimento da actividade. A noticia passou, como se se tratasse de mais uma mera luta por aumentos salariais. A difusão, na sociedade actual, de valores individualistas e a falta de solidariedade no mundo em que vivemos, não permitem ver que esta luta não é só dos pescadores, mas é a luta de todos nós.

Porque, enquanto todos nós, ricos ou pobres, patrões ou empregados sofremos todos os dias os efeitos do aumento desenfreado dos preços do petróleo, as grandes companhias petrolíferas anunciam resultados recordes. O movimento altista do preço do petróleo está a afectar a capitalização bolsista de títulos de sectores tão diversos como a aviação, os automóveis, os transportes, a energia, as tecnologias, as indústrias. Pelo contrário, os títulos de empresas petrolíferas estão naturalmente a beneficiar do impulso dos preços do petróleo, na perspectiva da obtenção de maiores lucros no final do exercício económico.

Tudo isto, graças à confusão criada pelos americanos no Iraque. As exportações de petróleo ainda não recuperaram o seu nível anterior à guerra, e muito menos ofereceram os barris extras que os optimistas imaginavam e os partidários da guerra prometiam. No centro deste confronto está a economia petrolífera internacional e o futuro da economia mundial.

A única forma de sacudir esta ordem mundial que nos empurra para o abismo é seguir o exemplo dos pescadores franceses e fazermos, em conjunto, uma greve geral à escala planetária. Pode ser simbólica, mas que seja ao mesmo tempo e em todos os fusos horários. O mundo precisa duma sociedade nova e só esta sociedade poderá lutar por ela. E não é com armas...