sábado, outubro 02, 2004

Orgulhosamente sós

Vergonha, cinismo, hipocrisia e racismo são palavras repetidas pelos jornais da Suíça francesa, única região onde o povo votou a favor dos estrangeiros. A grande maioria dos suíços rejeitou, pela terceira vez, o referendo que visava integrar no país os filhos e netos dos imigrantes.
O país do chocolate e dos relógios revelou assim estar mais próximo da extrema-direita do que esteve a Áustria de Jörg Haider. Sobretudo os suíços-alemães votaram em massa contra os seus vizinhos da União Europeia, considerados perigosos estrangeiros.
Os 2 milhões de estrangeiros suíços, dos quais cerca de 200 mil são portugueses, incluem imigrantes das segunda e terceira gerações que nasceram na Suíça, falam os seus dialectos, perfeitamente integrados, mas rejeitados como cidadãos, numa espécie de apartheid alpino. Apenas têm direito a trabalhar, pagar os impostos e contribuir para a prosperidade do país.
A Suíça conserva assim uma das legislações mais restritivas em matéria de naturalização, para grande alívio do líder da extrema-direita Christoph Blocher.