terça-feira, fevereiro 01, 2005

O soberanismo basco à prova

Um mês após a sua adopção controversa pelo parlamento basco, o plano Ibarretxe de associação livre com a Espanha é hoje votado pelo Congresso dos deputados espanhóis, em Madrid. O plano prevê um alargamento das competências da região autónoma, mas prevê também o direito à sua autodeterminação através dum referendo.
O jornal El Mundo avança que não há quaisquer hipóteses de que este projecto de lei atravesse “o filtro intransponível do Congresso dos deputados”, já que os representantes dos 22 milhões de cidadãos espanhóis travarão certamente o plano Ibarretxe. As últimas sondagem mostram que apenas 40% da população basca apoia ao plano, e prevê-se que onze deputados bascos votem contra e apenas oito a favor.
Para o ABC, Ibarretxe terá certamente o que procura, isto é, a tribuna do Congresso para defender o direito à autodeterminação do povo basco e alimentar o discurso nacionalista de vitimização, apesar de se prever que o presidente do governo espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, tudo fará para evitar que o discurso nacionalista atinja os seus objectivos.
Como afirma um diário basco, o que está em jogo é uma batalha pelo diálogo e a opinião pública. Para tal, é preciso um debate maduro, sereno, cívico, democrático e pedagógico, mesmo que seja politicamente complexo. Romper todas estas pontes, seria um grande erro.
Quanto a mim, ficou-me a pergunta seguinte: se, como demonstram as sondagens, apenas 40% da população (e dos deputados bascos) apoiam o plano, qual é o medo dos espanhóis em deixar avançar o referendo sobre a autodeterminação do povo basco?