BRITEIROS: Os filhos perdidos do PS <$BlogRSDUrl$>








segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Os filhos perdidos do PS

O grande argumento da campanha do PS contra o BE é que, o facto de este não querer participar no Governo ao lado do PS, diminui a sua credibilidade e a responsabilidade das suas propostas. A este propósito, foi-me enviado um desabafo de um amigo que está em vias de se tornar colaborador assíduo do Briteiros. Trata-se de alguém já com alguns anos em cima (22 de fascismo e 30 de democracia) que está farto das cabeças iluminadas, supostamente de esquerda, que mais não fazem, afinal, do que defender que é preciso mudar alguma coisa... para que o essencial fique na mesma.
Em jeito de encorajamento e com o seu devido acordo (o que, como diria Miguel Cadilhe, é muito importante!) passo a transcrever:


Eu acho que esse blá-blá da responsabilidade, não passa mesmo de um argumento de direita para combater a esquerda ou, na melhor das hipóteses, de um pretexto para mudar de campo de quem actualmente se envergonha dos seus verdes anos de esquerda. Afinal, tem sido sempre os “responsáveis” que têm ocupado o Governo, estes anos todos, praticamente desde o 25 de Abril e ... voilà a situação a que isto chegou!
Palavras e programas partidários supostamente “responsáveis” e “efectuáveis” leva-os o vento. A prova real da prática põe-nos a nu. O que há é muita gente interessada em cavalgar o poder, sob os “melhores” pretextos, para, já agora, tirarem, também eles (porque não?...), algum partido pessoal da situação.
Há os que só fazem o que os patrões disto tudo lhes exigem que façam, ou os deixam fazer, e há os que remam contra a corrente e, quando podem, têm uma acção transformadora (a nível da superestrutura legislativa se forem eleitos deputados, a nível do social fora do parlamento), como é o caso do BE e do PCP. A questão não é: se não os podes vencer, junta-te a eles; a questão é: se não os podes vencer agora, resiste e tenta ganhar terreno porque água mole em pedra dura...
E se o BE, por exemplo, anunciasse que estava disposto a fazer governo com o PS (lagarto! lagarto!...), abdicando, se necessário, da sua política (estas coisas têm um nome), os mesmos que agora lhes chamam irresponsáveis e que acham que é fácil falar de fora, sem se envolver, etc. e tal, haviam de clamar logo que o BE se vendia por um prato de lentilhas. Preso por ter cão, preso por não ter cão...
Quem se mete nestes caldos e se diz de esquerda tem, naturalmente, que respeitar um partido que, como o BE, se fez porque o PS e o PCP não preenchiam um espaço que estava por preencher, que nasceu de determinadas aspirações que os outros partidos não satisfaziam (isto, aliás, aplica-se a todos os partidos). O BE tem até, distinguindo entre táctica e estratégia, feito alianças pontuais quando tal tem sido possível. Servir de muleta é que não – até porque não é isso concerteza que os seus simpatizantes e eleitores esperam dele, e, se assim fosse, fá-lo-iam saber ao partido nas eleições seguintes.
É que... se é tão fácil ser radical (e, dizia Marx, ser radical é ir à raiz das coisas...), porque é que os radicais não ganham somas fabulosas ao serviço das empresas do Estado e/ou das privadas? Serão tótós? Como os que pagam impostos, neste país?...
Quanto às “mãos sujas”, que o Sartre nos perdoe... A situação não tem nada a ver: uma coisa é saber recuar quando tal é indispensável, outra, muito diferente, é vender a alma ao diabo...

[AF]

Já agora, leia também o post, de Pedro Avelar Dias, Bloqueio.

:: enviado por JAM :: 2/14/2005 01:20:00 da manhã :: início ::
3 comentário(s):
Enviar um comentário