BRITEIROS: Bono aos pobres <$BlogRSDUrl$>








quinta-feira, junho 09, 2005

Bono aos pobres

Aviso já que não gosto da música dos U2. Acho-os banais e pomposos (não percebo como é que se pode esperar 8 horas numa fila para os ver. Por mim, seriam os U2 que esperavam 8 horas para que eu os fosse ver). Não gosto, pronto.
Aviso já que o que vou escrever a seguir pode ser injusto. Assumo o risco.
Aviso já que é uma opinião muito pessoal que só espera ser contrariada com factos.

Desde o Live Aid que me perturba esta história dos artistas militantes pela causa da humanidade que sofre. Explico-me: não é que pense que não haja humanidade que sofre e que não se deva fazer nada, só que me parece ser ténue a fronteira entre a publicidade gratuita disfarçada de caridade e a real preocupação de combater as injustiças deste mundo. Muito ténue.
Com o Live Aid a África ficou na mesma. Bob Geldof ficou mais famoso e mais rico.
O líder dos U2, Bono, tem uma fortuna avaliada em 200 milhões de dólares. Podia pegar em 10% e dá-los à Cruz Vermelha, aos Médicos sem Fronteiras ou algo assim. Anonimamente. A sua consciência ficaria tranquila e haveria, certamente, um Deus qualquer para lhe agradecer. Mas decidiu não o fazer desta maneira. Prefere pugnar, publicamente e com estrondo, pelo perdão da dívida externa africana e pelo duplicar do montante das ajudas ao desenvolvimento africano.
Dito assim até parece bem. É piedoso e bem intencionado. Falta só dizer que perdoar a dívida externa dos países africanos e dar-lhes mais dinheiro para se “desenvolverem” não é bem ajudar as populações africanas. Neste momento, é apenas um contributo para enriquecer ainda mais os Mugabes, os Mois e os Kadaffis que por lá ainda florescem.
Entretanto, o nosso bravo Bono conseguiu uma boa parte da sua fortuna à custa dos impostos que não pagou. Por razões que a razão desconhece, a Irlanda isenta de impostos todos os artistas. O que tanto vale para o músico de um bar manhoso de Dublin como para os milionários U2. O facto não o parece preocupar em demasia. É bem mais espectacular e fácil apontar o dedo aos egoístas dos europeus que não ajudam os pobres africanos, do que fazer fila numa repartição de finanças de Dublin para pagar impostos.
Só que se, em vez de nos dar lições de moral, Bono começasse por aí, talvez - quem sabe - eu gostasse mais da música dos U2 e não estaria a escrever estas linhas.

:: enviado por U18 Team :: 6/09/2005 10:57:00 da tarde :: início ::
3 comentário(s):
  • E você, o que faz pela África e demais pessoas necessitadas do mundo???

    De Blogger Unknown, em abril 28, 2009 12:23 da manhã  
  • Antes de dizer qualquer coisa, vou avisar que amo u2 e admiro seus integrantes. Tanto que cheguei aqui graças a um amigo também fã, que leu este post e ficou indignado.

    Bem, eu não fiquei indignada. Pelo contrário, concordo com boa parte do que você disse. Artístas como Bono podiam estar ajudando de verdade a África, ao invés de ficar discutindo com os líderes das grandes potências o aumento da ajuda ao continente.

    Não posso dizer que o Bono está mal intensionado ao levar essa questão para o lado político e quase excluir a possibilidade da ajuda direta. É claro que ele aproveita o marketing criado em torno disso, mas talvez queira realmente fazer alguma diferença. E as mensagens dele para o mundo, de um jeito ou de outro - e por mais hipócritas que possam ser - funcionam: eu mesma não dava muita atenção para o que estava acontecendo do outro lado do Atlântico até me tornar fã da banda, e creio que o mesmo aconteceu com muitos outros.

    E, se formos pensar de um modo mais geral, ele não tinha nenhuma obrigação de fazer o que ele faz - visitas à África, doações e essa coisa toda. Acho - e isso é só uma opinião pessoal - que ele realmente se preocupa, mais ou menos da mesma forma que todo mundo se preocupa quando vê na televisão. E a ajuda que ele dá, por menor que seja, é uma ajuda, e bem maior do que qualquer um aqui dá.

    Quanto ao último parágrafo, acho que não vem ao caso, até porque ele deveria pagar impostos pra Irlanda, não pra África. E eu sou contra qualquer tipo de imposto de renda, no lugar dele também não pagaria.

    Bjs

    ps: milhões de pessoas morrendo no mundo e a gente aqui, discutindo inutilidades...

    De Anonymous Vitoria Esewer, em abril 28, 2009 2:34 da tarde  
  • Talvez, se gostasses da musica dos U2 irias perceber que as coisas que disseste nesse post foram completamente desnecessárias e isentas de uma boa razão.
    Na minha opinião, os fãs dos U2 sabem bem quais os motivos e intenções do trabalho humanitário do Bono. Não é por serem "cegos" em relação aos seus ídolos, a maioria não o é, de todo, mas talvez seja por ouvirem e verem tantas vezes os apelos, os sacrifícios e por acabarem por acreditar naquela voz que sabe e mede as palavras que discursa. Não só por instinto, mas por chegarem à conclusão que ele não precisa dessa publicidade, que não é gratuita, se pensares bem nos sacrifícios que ele muitas vezes faz.

    Bom, como deves ter concluído nas tuas pesquisas, se é que as fizeste, o Bono não começou o seu trabalho humanitário no Live Aid. Foi apenas através dele que ele se apercebeu da realidade da Etiópia e de todos os países pobres de África. (E dessa forma, milhares de pessoas, em 1985, sentiu o mesmo em relação às imagens passadas, não dos concertos das maiores estrelas do rock, mas as imagens dos desfavorecidos que estavam a morrer à fome. Só por isso, o Live Aid, na minha maneira de ver, já foi útil.) Tudo isso inquietou Bono e levou-o numa viagem à Etiópia com a sua mulher, para um campo de refugiados, para trabalhar como voluntário num orfanato, ANONIMAMENTE. O único aparelho de gravação que levaram para lá foi a sua máquina fotográfica, onde a usou para fotografar todas as crianças que eram salvas da má nutrição, das doenças, etc..

    Após essa viagem, ele não nunca se envolveu completamente no trabalho humanitário. Provavelmente fez o que muita gente faz, que é enviar algum dinheiro e mantimentos para os países pobres, anonimamente. Mas como todos sabemos, isso não chega, e talvez ele tenha chegado a essa conclusão.

    Agora, todo o aparato que os media e as pessoas mais ignorantes fazem, é que ele usa agora todos os discursos, a sua participação nas cimeiras, encontros com políticos (que o põe muitas vezes numa situação embaraçosa para com os seus companheiros de banda e fãs) para publicidade gratuita! Diz-me, achas mesmo que ele precisa disso? Os U2 foram considerados a melhor banda do mundo em 1987! O Bono dedicou grande parte da sua vida ao trabalho humanitário publico (e isso não é brincadeira nenhuma, se estivesses a par de tudo o que ele faz) a partir do momento em que se juntou ao Jubileu 2000, onde seria discutido o perdão das dividas Africanas. Nessa altura já os U2 estavam no pedestal há anos!
    E se o Bono fizesse tudo isso no anonimato? Era burrice, e burro é o que ele não é! Ele está muito bem atrás dos microfones, porque ele é inteligente, fluente e tem um poder de persuadir as pessoas como eu nunca vi!

    Todo este meu discurso apenas para provar que o Bono faz um trabalho muito bom em juntar todos em volta do mundo. Ele tem tudo o que é necessário, uma cara conhecida e um discurso eloquente.

    Mais uma coisa, se o Bono não se tivesse empenhado tanto e "desperdiçado" o seu tempo com África, os U2 tinham editado o seu álbum há pelo menos dois anos, e teriam ganho já o dobro ou triplo dos lucros do que terem feito esperar tanta gente!

    Quanto à questão dos impostos acho que devias de te informar melhor acerca disso.

    Os maiores cumprimentos
    Joanne
    PS: Os U2 não se dariam ao trabalho de esperar 8 horas por ti. Porque banais é tudo o que eles não são. Se o fossem porque te darias ao trabalho de falares deles? Pomposos são aqueles que tocam um concertozinho, ganham o seu dinheiro, e vão-se embora. Nunca fariam tudo o que o Bono faz.

    De Anonymous Joanne, em maio 12, 2009 2:40 da tarde  
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