segunda-feira, junho 06, 2005

Desagregação

Cogitação laboriosa, como diz Bruxelas? Ou aposta ousada a que não seriam estranhos os financeiros de Londres? A perspectiva dum naufrágio do euro que, fustigado pelo mau tempo sobre a União, perdeu 3% numa semana, talvez não se materialize. Mas os primeiros sintomas de uma crise da moeda única, por contágio da crise política aberta pelos “Nãos” da França e da Holanda ao projecto da Constituição, são evidentes. O temor de uma desagregação do frágil edifício da União Económica e Monetária não será apenas uma manobra de diversão.
A estagnação do crescimento, o desemprego e a diminuição do poder de compra alimentaram a revolta anti-europeia. Para sair da crise, é pouco provável que os governantes ousem avançar com reformas estruturais que corram o risco de atiçar ainda mais a cólera do eleitorado. Seria muito mais tentador tentar relançar o consumo, agravando ainda mais os défices orçamentais, à maneira americana. Correndo mesmo o risco de transformar o euro, depois da Constituição, no bode expiatório dos males da Europa, mesmo que ele não seja (ou só em parte) o responsável.