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terça-feira, junho 14, 2005

O outro referendo

A participação activa da Igreja no referendo italiano sobre a bioética e a fecundação assistida constituiu mais um exemplo preocupante do despertar da ordem moral em toda a Europa. Exemplo que vem no seguimento da recente publicação pelo Vaticano do léxico dos termos ambíguos e polémicos sobre a família, a vida e as questões éticas, que demonstra o trabalho de regressão em curso e a natureza do combate a empreender.
Este novo catecismo moral revela aquilo que a situação americana já havia mostrado por ocasião das eleições presidenciais: que a Igreja retoma o controlo dos aparelhos políticos para levar a cabo o seu próprio programa, à semelhança daquilo a que assistimos recentemente em Timor-Leste. Contra a liberdade das mulheres de escolher, dos casais de se unirem e separarem, contra o direito de morrer com dignidade, a contracepção, a procriação assistida, o progresso médico, a pesquisa científica. Muito mais do que um léxico, trata-se de um manual de conduta.
Contra a nova desordem do mundo e os zelotas de uma moral retrógrada, é importante que se tomem iniciativas urgentes no sentido de garantir, em toda a Europa, o princípio da separação entre a Igreja e o Estado.

:: enviado por JAM :: 6/14/2005 11:14:00 da manhã :: início ::
2 comentário(s):
  • JAM
    Esqueceu-se ainda de mencionar o ataque a democracia e à participação democrática dos cidadãos.
    Quando se apela ao abstencionismo e da maneira como tal foi feito está-se a atacar o conceito de democracia.
    Nada que não se espere da igreja católica que é tudo menos democrática.
    O preocupante é faze-lo às claras e com total impunidade como se tal fosse algo de natural...

    De Anonymous Anónimo, em junho 14, 2005 12:03 da tarde  
  • "Contra a nova desordem do mundo e os zelotas de uma moral retrógrada, é importante que se tomem iniciativas urgentes no sentido de garantir, em toda a Europa, o princípio da separação entre a Igreja e o Estado."

    Que tipo de iniciativas? Uma espécie de Inquisição, mas ao contrário? Ou PIDE... Uma PIDE/DGS para defender o Estado e os cidadãos da perigosa Igreja. É que hóstias e aleluias ainda vá. Mas opiniões!? Ainda por cima divergentes das suas!? Livra!

    As minhas respostas ao referendo em Itália teriam sido quase todas contrárias às defendidas pela Igreja Católica, mas, democraticamente, respeito que haja opiniões diferentes.

    Os católicos têm o direito de participar, mesmo como católicos, na vida política das nações. E digo-o não por ser católico (que não sou), mas porque prezo a liberdade. A separação entre a Igreja e o Estado, que é de manter, não serve para impedir os católicos de terem actividade política. Será que pretende proibir o direito de voto aos católicos? Ou quer impedir que certos temas possam ser abordados pela Igreja e pelos católicos?

    Acho lamentável se formem estas trincheiras, com os "imorais" de um lado e os "retrógrados" do outro, sem uma discussão séria dos assuntos em questão e sem admitir que os outros também possam ter razão. Sendo mais "imoral" do que "retrógrado", não me recuso a ouvir, e até a aceitar, os argumentos dos "retrógrados". E mais, acho que não só a berraria contra a Igreja é desnecessária e dispensável, como a vejo mesmo como contraproducente, porque serve apenas para acirrar ódios irracionais.

    Em relação ao abstencionismo, não consigo entender as regras que indicam que os referendos só são vinculativos acima de um determinado nível de participação. É que, no meu entender, abster-se é delegar nos outros a responsabilidade da decisão. O conjunto de votos em branco ou nulos, sim, poderia contar para alguma coisa. A abstenção não.

    De Anonymous Anónimo, em junho 16, 2005 2:33 da tarde  
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