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quarta-feira, julho 06, 2005

A Constituição europeia

Quero acreditar que o sentido da maioria dos votos contra o texto da Constituição europeia cozinhado pelas lideranças politicas da Europa foi um não a este texto concreto e ao modo como foi concebido e, lateralmente, um não aos governos concretos que convocaram os referendos. Não terá sido, a não ser em casos excepcionais (os “lepenistas” por ex.), um voto contra os outros povos da Europa, contra a associação livre e pactuada entre os vários povos da Europa.
E quero acreditar que foi assim porque, hoje em dia, o nacionalismo não faz sentido. O nacionalismo é bom para encher cemitérios. Se não vejamos:
- a 2ª guerra mundial, que não foi há assim tanto tempo como isso, sendo uma guerra entre impérios e/ou aspirantes a impérios, vestiu, sobretudo do lado do Eixo, a farda do nacionalismo (o partido de Hitler era o partido nacional-socialista e impôs-se inicialmente em grande parte devido à manipulação dos sentimentos nacionalistas alemães humilhados após a 1ª guerra mundial) e este levou, primeiro, ao racismo, e depois, à desumanidade pura e simples;
- foram os nacionalismos exacerbados (fomentados do exterior) que desagregaram a Jugoslávia e a fizeram recuar no tempo em termos de desenvolvimento;
- a ETA, que, no passado, teve um papel positivo de resistência ao franquismo, é duvidoso que, hoje em dia, traga algum contributo positivo ao próprio povo basco, sobretudo quando mata na rua às cegas; os catalães, por uma via mais low-profile (e mais inteligente, mais civilizada), estão a conseguir, em temos de autonomia, tanto ou mais do que os bascos;
- etc, etc, etc.
Quem é que ganha com a exaltação de um sentimento irracional como o nacionalismo (que não é bem o mesmo que patriotismo: gosto da minha terra mas também gosto da dos outros, gosto dos meus compatriotas mas também gosto dos estrangeiros – desde que, naturalmente, uns e outros mereçam)?
- ganham os governos que fazem do outro (sendo “o outro” os estrangeiros em geral, sejam imigrantes, os povos vizinhos ou os da Conchichina) o bode expiatório contra o qual canalizam a revolta provocada pelos problemas nacionais que eles próprios criaram;
- ganham os que enriquecem com o fabrico e a venda de armas de guerra, sejam Estados ou empresas privadas;
- e, de um modo geral, todos os filhos da puta apostados em fazer a vida negra ao próximo (ou ao distante). E infelizmente não são tão poucos como isso.

:: enviado por Manolo :: 7/06/2005 10:09:00 da tarde :: início ::
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