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quarta-feira, julho 13, 2005

Contrastes

No próprio dia dos ataques bombistas fui dar uma volta, e pude ver como os ingleses passam ao lado da morte - da mesma forma que passam ao lado da vida. Os pubs estavam cheios às 6 da tarde, como sempre. Um casal de turistas americano perguntava, em frente à estação onde, oito horas antes, tinham morrido umas 20 pessoas, a direcção para rua tal. Perguntavam-no ao chefe dos bombeiros, que respondia, calmamente, de dentro do carro.
É natural que, quem nunca viveu em Londres, fale de fleuma, de frieza, até de coragem. Parece-me, isso sim, que os portugueses são muito mais agarrados à vida que os ingleses. Não é que a vida não preocupe os ingleses, mas a questão é que essa não é a sua única preocupação. Os ingleses, além da vida, também querem saber de Cricket, de futebol e de cerveja.


in Elasticidade

Os britânicos contidos, controlando a dor, servindo os vivos e honrando os mortos, auxiliados por uma comunicação social prudente, sem laivos vampirescos a indignar quem ficou. Meios eficazes – um treino de décadas contra o terrorismo foi precioso – e prudência no revelado. Cuidando do prioritário.
Uma refrega difusa numa tarde domingueira da praia de Carcavelos, deu manchetes na informação estrangeira, prejuízos para a imagem e economia nacionais, parangonas suculentas como osso que os media se entretiveram a roer. Espremido o propalado arrastão, ficou no fundo de copo uma «querela ocasional não identificada» e pela borda fora escorreu irresponsabilidade e oportunismo. Nisto somos peritos: não precisamos de ajuda, crucificamo-nos muito bem sozinhos.
Os espanhóis e a respectiva comunicação social são o nosso oposto – nunca existiram em Espanha vacas loucas, febres suínas, animais para abate soprados com hormonas, roubos e burlões como formigas no campo. Não têm nada, não sabem de nada, olham e assobiam para o ar quando dos vícios e misérias privadas se fala. Deixam assentar a poeira e, com a estratégia de moita-carrasco, o tema mingua até se consumir na volatilidade noticiosa. Sagazes estes nuestros hermanos...


in Sem Pénis, nem Inveja

:: enviado por JAM :: 7/13/2005 06:36:00 da tarde :: início ::
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