sábado, setembro 10, 2005
A revolução devora os seus próprios filhos
A frase é do filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955). E quando a revolução não devora os seus filhos, são os seus filhos que se devoram entre si. É isso que parece estar a acontecer na Ucrânia. Viktor Yushchenko acaba de demitir o seu governo, dirigido pela bela Yulia Timochenko, a heroína do movimento que lançou a Ucrânia no caminho da democracia.
Seria ingénuo imaginar que a Ucrânia, como todas as outras repúblicas da Ex-URSS que tentaram acabar com a esclerose pós-comunista, poderia passar de um dia para o outro de um regime totalitário para uma verdadeira democracia parlamentar. As crises, as desilusões e as reviravoltas são sempre inevitáveis. Sobretudo quando é sabido que, frequentemente, essas “revoluções coloridas” não são puramente fruto do entusiasmo de um povo descontente e ansioso por uma mudança de regime, mas são muitas vezes fomentadas por ONGs duvidosas, apoiadas por Estados ocidentais, que semeiam a instabilidade nos países periféricos da Rússia, como referimos aqui.
Mas isso não obsta a que, na óptica da União Europeia, importe fazer tudo para ajudar a ultrapassar a crise da “revolução laranja”, única forma de garantir a irreversibilidade das mudanças democráticas, como aconteceu nos outros países do ex-bloco de Leste que já aderiram à União.
:: enviado por JAM :: 9/10/2005 08:11:00 da tarde :: início ::