domingo, outubro 23, 2005
Cavaco agradece
As eleições presidenciais sempre tiveram dois tipos de candidatos: os candidatos partidários e os candidatos de dimensão nacional. Cavaco Silva, que se revê na segunda categoria, foge do PSD como o diabo da cruz e reza para que o CDS não tenha a infeliz ideia de apresentar o seu próprio candidato que lhe poderia vir a tirar boa parte dos votos – pelo menos na primeira volta – e estragaria certamente o esperado passeio pela avenida da Liberdade.Por seu lado, Manuel Alegre parece estar a desfrutar da exasperação dos dirigentes do PS, que levou mesmo à entrada em cena do primeiro ministro ameaçando aos quatro ventos que a disciplina de voto no candidato do partido é de rigor. Mário Soares, ao não se demarcar de toda essa crispação cor de rosa, vai perdendo de dia para dia a sua dimensão nacional e, à semelhança de Louçã e Jerónimo – que não passam de candidatos partidários aspirantes ao precioso tempo de antena – corre o risco de ver reduzida a sua candidatura a um simples instrumento da propaganda partidária do PS.
Mas a vitimização nem sempre dá frutos e se Manuel Alegre teimar em restringir igualmente a sua luta ao vestíbulo do partido socialista, a sua candidatura deixará também ela de ter dimensão nacional e, afastada de um enquadramento partidário próprio, acabará por perder a substância e tornar-se, para o eleitorado, num mero exercício de ajuste de contas, sem mensagem, nem objectivos.
:: enviado por JAM :: 10/23/2005 05:48:00 da tarde :: início ::