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quarta-feira, dezembro 14, 2005

Polémicas francesas

Os franceses, à falta de ideias concretas para resolver os problemas que têm, adoram debates filosóficos. O último anda à volta do papel positivo ou negativo da colonização francesa. O Parlamento aprovou uma lei que ordena o ensino, nas escolas, do papel positivo da colonização francesa em terras que o azar do destino quis que fossem os originários do hexágono a levar a civilização ocidental. Lá como cá, passaram meses até que alguém desse por isso e a polémica estoirasse. A questão anda à volta de se a História deve ser feita por decreto. Evidentemente que não deve, embora haja quem pense que sim. Na discussão já estão historiadores, ministros, os habituais cujo-tetravô-foi-vitima, Presidente, jornalistas e tudo o mais que opina em França.
Suponho que faz parte da tendência actual exigir respostas simples a problemas complexos. É pena. Como sempre, a realidade é sempre mais complicada do que aquilo que gostaríamos. O esclavagismo, por exemplo (porque é a essência da polémica), não foi inventado pelos europeus, os europeus muito beneficiaram do seu comércio, mas também foram os europeus os primeiros abolicionistas. É o que devia ser ensinado nas escolas e, obviamente, que, hoje e no futuro, é totalmente inaceitável. E devia ainda ser ensinado que um país, uma civilização ou o que lhe queiram chamar, tanto é capaz de gerar o esclavagista mais cruel como o abolicionista mais convicto.
Decretar, por lei, que determinado acto de uma parte da Humanidade é positivo ou negativo é um insulto à História mas é, sobretudo, um insulto à inteligência. Julgar o passado pelo que sabemos e acreditamos agora é fácil mas é simplista e injusto. Melhor seria que aprendêssemos com a História em vez de a julgar.
Esta polémica francesa teve, todavia, o mérito de trazer para os jornais e revistas aspectos da História francesa que pouco eram abordados e fazer com que os franceses conheçam um pouco melhor o seu passado. E que têm, como todos, tanto de que se orgulhar como de corar de vergonha.

Entretanto, nós, portugueses, menos dados a estas discussões filosóficas preocupados que estamos com assuntos mais prosaicos da vida do dia a dia, nunca discutimos nada sobre a nossa colonização. O porquê, o como e o resultado. Talvez seja melhor assim. A ignorância é meio caminho andado para a felicidade ...

:: enviado por U18 Team :: 12/14/2005 10:56:00 da tarde :: início ::
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