sexta-feira, janeiro 13, 2006
“Eu vim de longe... mas vou votar em si”
Desconfio imenso das sondagens publicadas pelos meios de comunicação em matéria política. Lembram-se das últimas eleições presidenciais em França quando todas as sondagens davam o Chirac e o Jospin como os candidatos mais votados e finalmente no dia das eleições o Le Pen foi o candidato qualificado para a segunda volta? Apesar de neste caso o objectivo ser louvável (impedir o Le Pen de ir à segunda volta), o que é certo é que mal as urnas fecharam, sem um único voto contabilizado, já todos os meios de comunicação sabiam que o candidato para a segunda volta era o Le Pen.Pois estou também um pouco desconfiada dos resultados das sondagens relativas às eleições do dia 22 de Janeiro publicados actualmente. Costumo considerar as opiniões das pessoas com quem falo como uma espécie de guia relativamente ao estado de espírito nacional. Como devem imaginar, as férias do Natal foram a altura ideal para ouvir opiniões sobre as eleições presidenciais de Janeiro. Desde as empregadas e os empregados das lojas durante as compras de Natal até à família, que sempre se reúne nestas ocasiões, as opiniões não faltaram.
Uma das conclusões a que cheguei foi que os candidatos de socorro do PS e do PSD baralharam completamente as cartas. A maior parte das pessoas acha que nem um nem outro são lá grande coisa, mas algumas acabam por encontrar uma razão qualquer para votar num ou noutro. O resultado é surpreendente porque afinal acabei por ouvir pessoas que tradicionalmente votam à esquerda que desta vez vão votar no Cavaco Silva porque na verdade não sabem muito bem o que fazer com as candidaturas de Alegre e Soares. Depois encontrei também aqueles que tradicionalmente votam à direita, mas que como não gostam de Cavaco Silva e não havendo outro candidato da direita, estão decididos a votar por um candidato da esquerda.
O que mais me surpreendeu foi que não encontrei uma única pessoa que afirmasse claramente que ia votar no Mário Soares. Será significativo?
O que mais me agradou nestas conversas populares foi o facto de um grande número de pessoas parecer estar convencida que afinal de contas o candidato mais competente de entre todos é Francisco Louçã e que muitas destas pessoas parecem estar decididas a votar por ele.
Esta impressão parece confirmar-se com o elevado número de pessoas que aproveitaram as acções de rua para dizer que antes votaram no CDS mas que agora pretendem votar em Louçã. Segundo o Correio da Manhã, houve mesmo um ex-combatente que, na baixa de Lisboa, aproveitou para apresentar um rosário de queixas de Paulo Portas, um "traidor" dos antigos combatentes do Ultramar. "Olhe que eu vim de longe só para lhe dizer isto: vou votar em si pela primeira vez. Sempre votei no PP, mas gostei de o ouvir falar no debate da RTP". E se deste estado de espírito surgisse a surpresa que vai contradizer todas as sondagens destinadas a influenciar a opinião pública e a fazer as pessoas votar pelos candidatos dos grandes partidos? Nunca se sabe... a resposta no dia 22 de Janeiro a partir das 20 horas.
:: enviado por Anónimo :: 1/13/2006 10:43:00 da manhã :: início ::