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segunda-feira, julho 10, 2006

Perder de cabeça

Uf! Para quem mora em França ou arredores, seja ou não francês, terminou bem este Mundial. Por todo o lado, vive-se hoje um sentimento de alívio. A sensação que, durante os próximos meses, em casa, no café ou na praia, vamos poder beber tranquilamente a nossa caneca de cerveja ou o nosso rosé de Provence sem que nos metam pelos olhos dentro a França dos Black-Blanc-Beur, que é como quem diz a França da “comunhão” entre brancos, pretos e árabes, uma utopia que, de qualquer modo, Sarkozy se apressa a destruir por completo.
Felizmente escapámos à seca de 98: as mulheres dos jogadores, os antigos colegas dos jogadores, os animais domésticos dos jogadores, as primeiras cuecas dos jogadores... em todos os jornais, televisões e rádios do país.
Zizou perdeu a cabeça mas, ao fazê-lo, acabou por tranquilizar-nos a todos. Provou que tem nervos, como toda a gente. Provou que é humano e não um Deus, como julgavam os franceses, que já se preparavam para lhe levantar uma estátua. Enfim, Zidane mostrou ao mundo que é um homem livre.
Seja como for, o que ele fez não é assim tão grave. Também ninguém se lembraria de confiar a educação dos seus filhos a um jogador de futebol. O que esperamos deles é que joguem bem, que marquem golos e que nos façam sonhar durante 90 minutos. E, se algum adversário, mafioso ou não, decidir enxovalhar-lhes a mãe ou os antepassados... não lhes podemos levar a mal se eles reagirem à cabeçada.
Talvez por isso, os franceses, a começar por Chirac, já o desculparam. O “velho” Zizou salvou a honra dos franceses, mesmo não tendo salvo a da selecção, que hoje saiu à socapa do aeroporto de Roissy, pela porta das traseiras, e se recusou a desfilar nos Champs-Élysées, para não ter que enfrentar os seus orgulhosos apoiantes.

:: enviado por JAM :: 7/10/2006 02:44:00 da tarde :: início ::
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