segunda-feira, outubro 16, 2006
O maior português? Óbvio ... ou talvez não
Depois da maçada do Parlamento e do cansaço de Londres, Maria Elisa voltou à televisão para nos ajudar a escolher o maior português de todos os tempos.
Como se a tarefa não fosse já de si hercúlea, o site do programa ainda se propõe “[...] divulgar as nossas grandes personagens histórias e ainda combater a info-exclusão”. Só posso desejar boa sorte.
Se estivéssemos na Geórgia a escolha não seria difícil, se fossemos cubanos não teríamos dúvidas e se estivéssemos na Coreia do Norte nem sequer nos perguntavam. Mas estamos em Portugal e as coisas complicam-se. Não teremos tanto por onde escolher como os ingleses, americanos ou até alemães mas temos, ao longo da nossa História, gente de mérito suficiente para que a eleição seja renhida.
Porque é de uma eleição que se trata. Primeiro os “dez mais” e depois a pessoa, será eleita pelos votos de todos os portugueses que quiserem participar. Democraticamente, como deve ser. O que implica que teremos de aceitar a igualdade de voto entre o historiador de reconhecida competência e a senhora que num concurso televisivo afirmava ser Vasco da Gama um grande poeta. Teme-se o pior.
Consultado o site fica-se a saber que a ideia não é original (já desconfiava) e que outros países já elegeram os seus “10 mais”, com resultados que dão que pensar. Assim, tirando os alemães que sempre levam tudo muito a sério e onde não há nada a dizer do Top Ten, fiquei a saber que, para os ingleses, estampar-se a 200 à hora num túnel de Paris dá para um honroso 3° lugar; para os franceses, ser padre merece um 3° lugar e ser humorista o 5°. Dos americanos nem vale a pena falar. Se acham que Reagan foi o maior americano de todos os tempos, estamos conversados.
Por cá, o inquérito de rua no programa de ontem dava-nos algumas indicações do que aí vem. Entre os nomes do costume lá vinham também o Cristiano Ronaldo, Amália, Cavaco Silva, Saramago, o Zé Manel, etc.
É verdade que isto de escolher o maior de entre nós todos não é tarefa fácil. Não havendo um português que tenha sido, ao mesmo tempo, um grande futebolista, um escritor de talento, um cantor de sucesso, um grande poeta, um politico emérito, um investigador genial, um humanista de dimensão mundial, um músico virtuoso, um bravo guerreiro e um navegador corajoso, terá que se optar por alguém que, sendo grande na sua vocação, foi ainda assim maior que os outros, mesmo que se tenha de comparar o que não é comparável.
Para mim, no entanto, a escolha parece-me óbvia: Afonso Henriques. Quem mais do que aquele que deu origem a isto tudo merece ser considerado o maior português de todos os tempos?
E daí ... talvez não. Não foi ele que criou o país conquistando terras aos árabes? Será que, se o escolhermos, os muçulmanos não se sentirão humilhados ...?
PS: Por curiosidade, perguntei a alguns amigos estrangeiros qual era para eles o maior português. Fiquei descansado: Figo ainda ganha a Cristiano Ronaldo (apesar de a margem ser pequena)
Como se a tarefa não fosse já de si hercúlea, o site do programa ainda se propõe “[...] divulgar as nossas grandes personagens histórias e ainda combater a info-exclusão”. Só posso desejar boa sorte.
Se estivéssemos na Geórgia a escolha não seria difícil, se fossemos cubanos não teríamos dúvidas e se estivéssemos na Coreia do Norte nem sequer nos perguntavam. Mas estamos em Portugal e as coisas complicam-se. Não teremos tanto por onde escolher como os ingleses, americanos ou até alemães mas temos, ao longo da nossa História, gente de mérito suficiente para que a eleição seja renhida.
Porque é de uma eleição que se trata. Primeiro os “dez mais” e depois a pessoa, será eleita pelos votos de todos os portugueses que quiserem participar. Democraticamente, como deve ser. O que implica que teremos de aceitar a igualdade de voto entre o historiador de reconhecida competência e a senhora que num concurso televisivo afirmava ser Vasco da Gama um grande poeta. Teme-se o pior.
Consultado o site fica-se a saber que a ideia não é original (já desconfiava) e que outros países já elegeram os seus “10 mais”, com resultados que dão que pensar. Assim, tirando os alemães que sempre levam tudo muito a sério e onde não há nada a dizer do Top Ten, fiquei a saber que, para os ingleses, estampar-se a 200 à hora num túnel de Paris dá para um honroso 3° lugar; para os franceses, ser padre merece um 3° lugar e ser humorista o 5°. Dos americanos nem vale a pena falar. Se acham que Reagan foi o maior americano de todos os tempos, estamos conversados.
Por cá, o inquérito de rua no programa de ontem dava-nos algumas indicações do que aí vem. Entre os nomes do costume lá vinham também o Cristiano Ronaldo, Amália, Cavaco Silva, Saramago, o Zé Manel, etc.
É verdade que isto de escolher o maior de entre nós todos não é tarefa fácil. Não havendo um português que tenha sido, ao mesmo tempo, um grande futebolista, um escritor de talento, um cantor de sucesso, um grande poeta, um politico emérito, um investigador genial, um humanista de dimensão mundial, um músico virtuoso, um bravo guerreiro e um navegador corajoso, terá que se optar por alguém que, sendo grande na sua vocação, foi ainda assim maior que os outros, mesmo que se tenha de comparar o que não é comparável.
Para mim, no entanto, a escolha parece-me óbvia: Afonso Henriques. Quem mais do que aquele que deu origem a isto tudo merece ser considerado o maior português de todos os tempos?
E daí ... talvez não. Não foi ele que criou o país conquistando terras aos árabes? Será que, se o escolhermos, os muçulmanos não se sentirão humilhados ...?
PS: Por curiosidade, perguntei a alguns amigos estrangeiros qual era para eles o maior português. Fiquei descansado: Figo ainda ganha a Cristiano Ronaldo (apesar de a margem ser pequena)
:: enviado por U18 Team :: 10/16/2006 09:23:00 da tarde :: início ::