terça-feira, novembro 07, 2006
O gorila
Na canção Le Gorille, monumento à incorrecção política e social, Georges Brassens fala-nos de um grupo de mulheres extasiadas perante os atributos do grande macaco, o qual, por sua vez, ao sentir chegado o momento de perder a virgindade, acaba por escolher um juiz. Pese embora a sua aparente inocência, Le gorille é uma declaração contra a pena de morte e chegou, por isso, a ser censurada nas emissoras de rádio da libertaríssima França.Na semana passada comemorou-se o 25°. aniversário da morte de Brassens. Vinte e cinco anos depois, as suas 250 canções conservam a frescura, a poesia e a inteligência originais. O cantor de Sète soube combinar, como ninguém, o humanismo com a irreverência, a ternura com o anarquismo, a lírica com o fervor da canção de intervenção.
Georges Brassens viveu sempre maravilhado ante os mistérios da natureza humana e sobretudo ante esses momentos decisivos do amor, da amizade ou da morte, que têm um efeito determinante na nossa experiência pessoal. Brassens escreveu com uma lucidez e um espírito crítico inabaláveis, ante os desvarios que a sociedade comete, a coberto de grandes conceitos como a pátria, a religião, a ordem ou o progresso.
Nos tempos que correm, em que a contestação ao sistema volta a sair para as ruas, a figura de Brassens adquire ainda mais valores de referência.
:: enviado por JAM :: 11/07/2006 10:36:00 da manhã :: início ::