BRITEIROS: Um livro pode ser um bom amigo… ou não (3º capitulo). <$BlogRSDUrl$>








terça-feira, novembro 14, 2006

Um livro pode ser um bom amigo… ou não (3º capitulo).

... E há os livros dos escritores a tempo inteiro.
Já que, nos 2 “capítulos” anteriores, falei de vaidade, agora, a propósito, apetece-me falar do ego grande, enorme, descomunal, do nosso actual candidato ao Nobel da Literatura, António Lobo Antunes.
Li alguns livros dele. Gostei muito dos primeiros, “A explicação dos pássaros” (1981), “Memória de elefante” (1979), “Conhecimento do inferno” (1981). Sinceramente não me lembro se li até ao fim algum dos que saíram entre 1983 e 1988, “Fado alexandrino”, “Auto dos danados” e “As naus”. E tenho 2 ou 3 dos muitos que foram publicados após 1988, mas estão na prateleira à espera... não sei se em vão.
Já das “Crónicas” dele, publicadas no Público e na Visão e já reunidas em 3 livros, gosto muito, pelo menos daquelas que li.
Quanto aos romances, acho que não tenho pedalada para ele: por um lado, ele escreve muito, muitíssimo, e o meu tempo livre não estica e outras solicitações literárias esperam a sua vez; por outro, a leitura de trechos de alguns dos seus romances posteriores a 1981 não me deu o prazer que tive com os anteriores a essa data. O defeito forçosamente será meu. Não me passa pela cabeça armar-me aqui em crítico da sua obra. Opino apenas na qualidade de leitor.
No entanto, irrita-me no homem aquela pose dele, sempre muito lá na sua torre de marfim, inatingível, muito acima dos mortais e, ao que parece, borrifando-se para eles /nós, para as pessoas de carne e osso (”Não leio jornais. É raro ver um noticiário”). Já não há pachorra para certas afirmações que faz nas entrevistas que concede. O que lhe importa são os seus livros, os seus livros são o mundo e não há mais nada. E ele é o maior, o maior escritor português, se não mundial.
Também não consigo engolir a maneira deselegante, desdenhosa e às vezes mesmo malcriada como se refere sempre a Saramago ― o que só denota, parece-me, mesquinhez, inveja e mau carácter. Como diria o outro, também aqui “não habia nexexidade”... Eu tenho-o como um bom escritor e a verdade é que vende bem, tem muitos leitores (ou, pelo menos, muitos compradores), pode perfeitamente ombrear com Saramago, com Agustina, com Sofia de Mello Breyner, com qualquer um dos nossos grandes escritores contemporâneos. Porquê então querer parecer à viva força melhor do que os outros, o melhor de todos? Este deslumbramento consigo mesmo, esta auto-contemplação embevecida, podem ser-lhe até prejudiciais no oficio que tanto diz prezar: podem torná-lo um escritor auto-complacente e levá-lo a perder a mão.

:: enviado por Manolo :: 11/14/2006 12:05:00 da manhã :: início ::
0 comentário(s):
Enviar um comentário