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quinta-feira, dezembro 07, 2006

As 7 Maravilhas

Antes havia o Guinness Book of World Records, um livro que se folheava em casa de uma tia enquanto se fazia tempo para o jantar de família e onde se podiam encontrar feitos tão interessantes como o homem mais rápido a atravessar o Atlântico remando só com as mãos ou o ser humano capaz de citar de cor mais livros de Saramago. Os feitos eram notícia de 5 minutos nas televisões e esquecíamos rapidamente o nome dos protagonistas. Depois alargou-se o conceito. Numa sociedade globalizada e competitiva que se preze não basta tomar conhecimento das bizarrias que só a raça humana é capaz de realizar. Temos que hierarquizar tudo. O mais forte, o maior, o mais admirável. Democraticamente, claro.
Em Portugal, mesmo antes de termos conseguido eleger o maior português, já nos pedem para eleger as 7 maravilhas do País mais tarde concorrentes às 7 maravilhas do Mundo. O Prof. Dr. Freitas do Amaral já recomposto (felizmente) da sua dor de costas é o, e passo a citar, “Comissário Nacional para a Declaração Oficial das Novas 7 Maravilhas do Mundo e para a Eleição das 7 Maravilhas de Portugal e, por inerência, Presidente das Comissões de Honra” (o que, só por si, já o candidata ao titulo mais comprido e ridículo do Mundo) e pede-nos, com entusiasmo, que participemos na eleição das tais 7 maravilhas portuguesas.
Ao contrário do que alguns possam pensar, das 7 maravilhas a eleger não poderão constar a carne de porco à alentejana, o vinho do Porto, o queijo da Serra ou até mesmo o Cristiano Ronaldo (que bem me tramou ontem). As 7 maravilhas sairão de uma lista de monumentos nacionais! Não se sabe o que admirar mais: se o desplante ou o ridículo. Num País que não liga absolutamente nada ao Património; em que na maior parte dos monumentos se pode admirar como os nossos compatriotas da Idade Média se livravam dos excrementos; onde não se percebe se os funcionários presentes (quando estão) fazem parte da exposição; em que os horários de abertura são para os empregados e não para o público que os visita; em que não há dinheiro para os manter e ainda menos para os restaurar e em que quase todos têm um aspecto de abandono e desleixo; em que nunca há guias ou um suporte literário para acompanhar a visita; em que a maior parte da população conhece vagamente a sua história e em que nos pedem exorbitâncias para entrar no que é nosso. Num País assim, dizia eu, querer eleger monumentos como 7 Maravilhas só se for mesmo para entrar no livro do Guinness.

PS: O site está aqui para quem se interesse. Procurei com cuidado se o Estádio da Luz constava da lista. Como não o encontrei, decidi não votar.


:: enviado por U18 Team :: 12/07/2006 10:59:00 da tarde :: início ::
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