segunda-feira, dezembro 04, 2006
A arma de Chávez
Hugo Chávez ostentará o cargo de presidente da República por mais seis anos, concretamente até 2 de Fevereiro de 2013. É mais um reforço do impetuoso despertar das esquerdas por toda a América Latina, depois da Bolívia, do Brasil, da Nicarágua, do Equador,...Todos estes países possuem bastante petróleo, gás ou outras matérias-primas. A Venezuela ― que é já o quinto exportador mundial de petróleo ― poderá possuir a maior das reservas do mundo, talvez ainda maior que a da Arábia Saudita. Assim, ao votar massivamente em candidatos de esquerda ― uma esquerda anti-americana ― os povos de todos esses países expressaram claramente a sua vontade de retomar a posse das suas riquezas naturais, que, até agora, têm dado proveito sobretudo a companhias estrangeiras.
Os novos regimes pretendem utilizar a energia como uma arma política. Uma arma para lutar contra a pobreza. Uma arma para destabilizar o Diabo e os países ricos, grandes consumidores de petróleo.
A frente anti-ocidental poderá assim reforçar-se em volta de Hugo Chávez. É esse o projecto do presidente venezuelano, um fiel de Castro. Mas isso não é tarefa fácil. Antes de mais, porque a vaga vermelha latino-americana não é assim tão homogénea. Não só os 100% pró-Chávez ― os vermelhos escuros ― não são tantos como isso, mas também, com Lula e Michelle Bachelet, ainda é o cor-de-rosa claro que prevalece. Depois, nem todos os países conseguem ser tão lancinantes como a Venezuela, porque não têm tantas riquezas naturais. Para muitos deles, o nacionalismo exacerbado de Chávez chega mesmo a ser irritante. Hugo Chávez é um pragmático. As suas diatribes anti-americanas não o impedem de negociar com Satanás e de continuar a ser um dos grandes fornecedores de petróleo da América.
É certo que, após oito anos no poder, a pobreza recuou no país. Mas o desenvolvimento continua bastante frágil. Chávez nacionalizou a energia, despediu os melhores quadros e expulsou as companhias estrangeiras. Vai pois ter que fazer um esforço suplementar para formar novas competências e organizar novos investimentos. A arma petrolífera vai certamente garantir-lhe muitos resultados felizes, tanto em casa como na frente internacional. Mas, mesmo não sendo provável que as reservas se esgotem antes de 2 de Fevereiro de 2013, vai ser necessário preparar o país para quando os poços secarem e a arma se embotar.
:: enviado por JAM :: 12/04/2006 07:16:00 da tarde :: início ::