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sábado, junho 09, 2007

Cuidado com as intoxicações

27 de Maio foi o último dia de transmissão da RCTV, a Rádio Caracas de Televisión, um canal que tanto chateou Hugo Chávez que este não se refreou de lhe recusar a renovação da licença, provocando com isso um clima de contestação nacional e internacional que há muito não se via na Venezuela. A América Latina sempre foi assim. Quando os atropelos aos direitos humanos vêm da direita, ninguém liga. Quando são acção de regimes de esquerda surgem logo, de todos os cantos do planeta, os zelotas da democracia e da liberdade de expressão a clamar aqui del rei!
Quando, em 1976, a mesma RCTV foi encerrada durante vários dias por “difundir notícias falsas”, ou quando, em 1980, foi selada por 36 horas por “sensacionalismo”, ou quando foi de novo oclusa em 1981, por “transmitir programas pornográficos”, ou quando, em 1984, foi condenada por “ter ridicularizado o presidente da República”, nenhuma organização internacional reprovou esses abusos. De igual modo, ninguém reprovou o encerramento do Diário de Caracas, nem o despedimento colectivo dos jornalistas do Globo ou do Nuevo País. E tudo isso aconteceu antes da primeira eleição de Hugo Chávez em 1998.
São inúmeros os exemplos, em diversos países, de concessões não renovadas a canais de televisão que não desencadearam qualquer protesto. Sem ir mais longe, em França, em 2004, foi revogada a concessão à Al Manar TV, por “incitação ao ódio racial”. Também em Inglaterra e nos Estados Unidos é prática corrente fecharem-se Rádios e TVs.
Organismos independentes, como o Observatório Global dos Media, denunciaram a RCTV por ter participado abertamente na conjuntura mediática que propiciou o golpe de estado do 11 de Abril de 2002. Mediante manipulações e intoxicações, a RCTV transmitiu falsidades e calúnias destinadas a fomentar a execração contra Hugo Chávez e os seus partidários. Semelhante comportamento tem sido condenado noutras latitudes. Por exemplo, o Tribunal Internacional sobre o Genocídio no Ruanda condenou, em 1994, os promotores da Radiotelevisão das Mil Colinas, por cumplicidade no extermínio dos tutsis. Na ex-Jugoslávia, a resolução do representante da ONU, Tadeusz Mazowiecki, condenou o papel dos “media do ódio” nas operações de limpeza étnica na Croácia e na Bósnia-Herzegovina.
Na Venezuela, a RCTV agiu como um típico “media do ódio”, ao despertar na opinião pública instintos primários, excitando e promovendo uma violência que teria podido desembocar em guerra civil. A que se deve então todo este ruído a seu favor? Só pode ser à solidariedade de um poder mediático internacional, que vê na decisão de Chávez uma ameaça contra a sua actual dominação ideológica.
Está visto que a guerra não acaba aqui.

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:: enviado por JAM :: 6/09/2007 12:27:00 da tarde :: início ::
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