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quarta-feira, junho 06, 2007

Meninos de suas mães

A aduzir à argumentação do AVS ainda há o seguinte. Este concurso para professor titular permite que situações de destacamento se transformem em nomeações definitivas em detrimento dos direitos dos professores do quadro de escola que podem, por estes “mecanismos” passar à situação de horário zero, sendo até ultrapassados por aqueles que há muitos anos não dão aulas, totalmente ao invés da tão propalada prioridade ao exercício da docência. Imaginemos um agrupamento/escola que há mais de sete anos elegeu o seu presidente de executivo que, por acaso era professor de um quadro de zona distante, mas destacado nesse agrupamento e possuidor das habilitações de administração escolar. Entretanto, chegados aos dias de hoje decide concorrer a titular e talvez deixar a direcção executiva. Beneficiado pelo sistema de pontuação vai passar a titular numa escola para onde nunca tinha conseguido ser colocado e provavelmente remeter para situação de instabilidade um qualquer professor do seu grupo que aí seja efectivo há vinte anos.

Já para não falar no sistema de pontuação que é de tal modo infantilmente ignóbil que terá sido concretizado por um desses assessores imberbes, sem noção de história ou razões do sistema educativo. Para já não falar de histórias antigas como o regime de transição para o novo sistema de reformas que, de tão injusto e inadequado, só pode ter sido elaborado por alguém com elevado défice de desenvolvimento intelectual ou, não sendo esse o caso, por alguém totalmente desprovido do mais elementar sentido de justiça. É a suposta cientificidade em acção ou a ausência de humanidade, bem denunciada neste post de A Sinistra Ministra em que é contado o fim trágico da professora Manuela Estanqueiro da EB23 de Cacia. O tempora, o mores.

É assim que este ME, de filhos das suas mães e com pais para nós desconhecidos, vira de pernas para o ar e inverte todos os princípios da mais elementar justiça. Estão criadas as condições para os maiores atropelos. Aos pusilânimes lembro as muitas mortes que os esperam.

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:: enviado por RC :: 6/06/2007 01:15:00 da tarde :: início ::
2 comentário(s):
  • Hoje, conversei com uma amiga de longa data (alguns anos pelos menos). conhecemo-nos numa escola básica, onde estávamos destacadas. Encontrámo-nos anos depois numa ESE, na mesma como colegas. Ora, as ESES, formam professores ... Acreditam que ela não faz a menor ideia do que se passa no ensino básico e secundário? Questiono-me sobre tudo isto que não compreendo ...
    Desculpem ter vindo aqui desabafar.
    Obrigada pela vossa acção,
    abraço,
    M.

    De Anonymous Anónimo, em junho 06, 2007 10:27 da tarde  
  • «11-Jun-2007
    Cecilia honorio
    O deserto do concurso para professor titular
    O concurso para professor titular (não é a caça ao título é a condição de progressão numa carreira hiper-congelada) é mais um retrato sinistro deste ministério.
    Primeiro, nem é bem um concurso, é uma coisa que se faz escola a escola, sem critérios controláveis, sem que se perceba, por exemplo, qual a razão - e quando a ministra falava de 1/3 de vagas para as candidaturas de 8.º e 9.º escalão - para a escola A ter 1/2 de vagas para o departamento de matemática e ciências experimentais e 1/4 para o de ciências sociais e humanas. Transparência zero.

    Neste pseudo concurso, onde contam apenas os últimos 7 anos (quer se tenha vinte ou trinta de serviço), a classificação profissional não conta e bons e maus resultados com os alunos valem o mesmo. O que conta mesmo é ter cargos. Mas nem todos. Ser presidente de um conselho executivo dá 9 pontos por ano, coordenador de departamento (cargo que pode ser gerido com uma a duas reuniões por período) vale 6, mas a direcção de uma escola de 1.º ciclo dá 4 e um director de turma vale 2, e até era para não valer nada.
    Este concurso, que vai esmagar milhares de professores de forma injusta e humilhante, parece apenas ser filho da loucura ou da arbitrariedade absoluta. Exemplifica-se: A, com mais de trinta anos de serviço, com 18 de classificação profissional, e que não tenha tido cargos nos últimos 7 anos (podendo mesmo ter dado as melhores aulas do planeta e com os melhores resultados e ter desempenhado no passado todos os cargos e mais alguns) poderá não ter pontos para ser titular, ao contrário de B que, tendo média de 10, tenha sido presidente de um conselho executivo nos últimos 7 anos, ou tenha dado aulas e, com redução da componente lectiva, assumido a coordenação dos professores da sua disciplina...

    Não vale a pena multiplicar exemplos sórdidos porque eles serão, infelizmente, vividos na pele, e menos ainda achar que o problema é @ professor A ou B (não quer a ministra outra coisa). E parece arbitrariedade absoluta, mas não é.

    Sabendo-se que a ministra encomendou um estudo para reestruturar a carreira dos professores que teve a carreira militar como referência, e já nada estranhando, não faltou quem pensasse que os 7 anos de apreciação curricular tinham uma qualquer carga simbólica. Mas o Decreto-Lei 200/2007, que regula este concurso, está para além da pura alucinação ou da simples fantasia. Tem um objectivo político claro e não é uma pura criação deste ministério: destina-se a premiar os poderes instalados com o modelo de gestão dado à luz pelo 115-A/98. É só por isso que são pesados 7 anos e não mais.

    Poderá dizer-se: quem é que ia adivinhar? Quem ia saber que se não se fizesse ao cargo a partir de 98 podia ficar a chuchar no dedo? Quem é que ia prever que só os cargos assumidos desde aquela data seriam a fonte do prémio e do castigo na progressão na carreira? Quem é que ia adivinhar que uma ministra da educação, saída das trevas socialistas, ia mesmo levar até ao fim uma cadeia hierárquica de burocratas?

    Sem generalizações à laia deste ministério (e com o respeito devido a muita gente séria, presidentes de conselhos executivos e detentores de cargos de gestão intermédia, que por esse país fora dá o que pode e o que não pode) a verdade dói: o PS sabia que um dia ia ser assim e há poderes instalados nas escolas que, aqui e ali, também o sabiam e foram antecipando as suas cadeias internas de poder. Agora, só falta mesmo à ministra dar a última cacetada nos últimos resquícios da gestão democrática das escolas.

    Os sindicatos interpõem providência cautelar ao concurso e comprometem-se a ir até ao fim, o PSD pede a apreciação parlamentar do diploma (o BE não o pode fazer por não ter número suficiente de deputados), e a unanimidade possível é a da brutalidade da arbitrariedade, esperando-se que, ao menos desta vez, deputados e deputadas do PS não voltem a deixar declarações de um voto amordaçado.

    Hoje, são quase todas as razões que exigem às e aos professores o melhor do seu direito à indignação, o melhor da sua capacidade de luta e da sua força para impedir a fragmentação da sua identidade e a recolocar no centro do futuro, que é esse o seu lugar.

    Cecília Honório »
    http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=3084&Itemid=46

    De Anonymous Anónimo, em junho 11, 2007 7:16 da tarde  
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