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sexta-feira, setembro 10, 2004

Comunicação social manipulada

A comunicação social é indispensável ao desenvolvimento das nações e de todos os agrupamentos humanos. Se o ideal de Maquiavel era um Príncipe que não precisava de dar satisfações aos seus súditos, quando hoje os governantes se calam é sinal de que não são suficientemente pressionados para se manifestar. E esta pressão só pode ser exercida pela comunicação social.

Na passada segunda-feira, na sequência da cobertura da tragédia de Beslan feita pelo jornal russo "Izvestia", o editor Raf Sharikov foi despedido. No dia seguinte, foi detido, num aeroporto entre Moscovo e Beslan, Amro Abdel Hamid, jornalista do canal por satélite al-Arabya, que não chegou a ser informado acerca dos motivos da detenção.

No início de Agosto, as autoridades iraquianas decidiram encerrar durante um mês o escritório da Al-Jazeera em Bagdade, justificando que o objectivo era "proteger o povo iraquiano" por considerarem que a cadeia de televisão incita à violência. Como a Al-Jazeera não respeitou a decisão tomada pelo Comité Nacional de Segurança e continuou a emitir a partir do Iraque com entrevistas a pessoas sem ter em conta a interdição temporária, o governo iraquiano decidiu agora "prolongar a interdição, por período indefinido, até que a direcção da cadeia de televisão envie uma resposta oficial sobre a sua política no Iraque".

Se a "guerra contra o terror" está muito longe de chegar ao fim, a batalha dos meios de comunicação pelo direito a informar, desinformar ou contrainformar, agudiza-se por todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos, agora em plena campanha eleitoral. Recentemente, a administração Bush apressou-se a desmentir as sugestões do Washington Post e do New York Times, segundo as quais, os, cada vez mais frequentes, alertas contra atentados terroristas seriam apenas ditados por razões eleitorais de forma a jogar sobre o sentimento de inquietação dos cidadãos americanos.

Como na metáfora de George Orwell, o pior regime totalitário não ambiciona apenas o controle das acções da sociedade, mas do que pensam os seus cidadãos. Sem a liberdade dos meios de comunicação de massa modernos, não existe opinião pública, não está assegurada a oportunidade igual das minorias e não se pode desenvolver a vida política num processo livre e aberto.

Uma sociedade que tenha escolhido ideais e os preserve não tem, nem precisa, de censura. Do ponto de vista da ética, a censura aparece sempre para ocupar o lugar dos valores dos quais cada sociedade nunca deveria abdicar.


:: enviado por JAM :: 9/10/2004 08:18:00 da tarde :: início ::
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