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domingo, setembro 19, 2004

O Fim do Petróleo

A grande maré capitalista que tomou conta do mundo, particularmente após a derrocada dos regimes estabelecidos nos países do Leste europeu e na extinta URSS, não significou somente a explosão das propostas neoliberais nos terrenos económico e político. Implicou, também, uma ofensiva sem precedentes da ideologia burguesa-imperialista visando a conquista dos corações e das mentes à escala mundial. Uma das manifestações mais emblemáticas desta ofensiva foi o livro “O Fim da História”, do norte-americano Francis Fukuyama.

Ao Fim da História foi dedicado tempo e espaço exagerados nos meios de comunicação, como se tal fosse a grande descoberta do século, algo como a cura do cancro ou da sida. Também ao Fim da Ciência e ao Fim da Ideologia, num novo milénio tecnologicamente determinado e governado por especialistas, foram dedicadas toneladas de papel nos centros geradores do saber. Ao Fim do Neoliberalismo até banqueiros alemães derem palpites com grande repercussão na imprensa mundial. Ao Fim do Mundo, então, nem se fala!

Com tantos finais a rondar, fomos também contemplados com outra pérola do apocalipse, mais uma daquelas que põem fim a alguma coisa cara à humanidade. Trata-se do Fim do Petróleo. Fim esse que de tão próximo, dez anos, se tanto, arrastaria consigo o modo de produção actual, o capitalismo, a sociedade contemporânea, e, enfim, seria o final dos finais.

Sendo consumido em maiores quantidades do que a natureza é capaz de prover, não podemos negar, o petróleo vai acabar, ou melhor, pode acabar. O problema é quando vai acabar, futuro ainda incerto. Reservas de petróleo, como aliás todos os recursos minerais, são o resultado de investimentos prévios em pesquisa, em exploração e em tecnologia. E, sendo assim, dinâmicas no tempo.

Ora, num cenário de grande dinamismo inovador, dos mais optimistas, em 2030 já deveremos poder adquirir células combustíveis nos supermercados para abastecer os nossos veículos e satisfazer as nossas necessidades energéticas domésticas, mudando, assim, radicalmente o nosso perfil energético e o da matriz energética mundial. Nessa situação, o petróleo, muito antes de se esgotar, perderá o seu apelo como combustível, tornando-se apenas fonte de matérias-primas para outros sectores industriais.

Parafraseando o historiador britânico Timothy Garton-Ash, talvez, nessa situação, sequem, finalmente, os pântanos em que se criam e reproduzem os mosquitos da Al-Qaeda e possamos enfim falar do Fim do Terrorismo. E talvez, nessa situação, consigamos também acabar de vez com o Fim do Outro na História.

:: enviado por JAM :: 9/19/2004 09:29:00 da manhã :: início ::
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