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quinta-feira, setembro 16, 2004

O poder da ONU

Apesar do optimismo daqueles que entendem ser a ONU o fórum indicado para resolver os conflitos internacionais através de meios não violentos, o que a História tem mostrado é que as políticas de poder têm sido utilizadas quotidianamente. Quem é o responsável pela segurança mundial, fazendo com que o sistema internacional funcione adequadamente, obedecendo a um mínimo de regras?

A primeira resposta é direccionada para as grandes potências. Foram elas que estiveram sempre presentes na linha da frente, fazendo guerras sem fim longe dos seus territórios, colonizando continentes e escravizando populações, em busca de maiores espaços, de maior prestígio, de mais riquezas, de mais influências e de poder de decisão no sistema internacional. As grandes potências estipularam as condições para o estabelecimento da paz, num mundo por elas mesmas legitimado.

Os Estados Unidos pouco se importam com as instituições internacionais, apenas aderindo a elas ou recorrendo às mesmas quando os seus interesses coincidem. Senão, procuram impor as regras de como deve ser constituída a ordem mundial. Se nenhum país consegue, mesmo através da força, dominar tudo e todos simultaneamente, visando alcançar integralmente os seus objectivos, consegue, no entanto, em grande parte dos casos, evitar que propostas contrárias às suas sejam realizadas. Ou seja, não mandam em tudo, mas impedem que os outros mandem contra a sua vontade.

A obsessão norte-americana em colocar ponto final às actividades desenvolvidas por grupos que contestam a ordem mundial, tem feito com que medidas extremadas sejam tomadas por George Bush. Uma delas é a divulgação do próprio documento que estabelece a nova Doutrina de Segurança Nacional norte-americana, em que os Estados Unidos simplesmente afirmam não aceitar contestações.

Em 1996, o governo norte-americano manifestou-se, contrário à recondução do então secretário geral da ONU Boutros Galli, ameaçando mesmo retirar-se do seio da instituição. Tal situação, criaria, obviamente, uma situação inédita, visto que seria impensável uma instituição com tal magnitude funcionar sem a presença de seu membro maior. Em caso de saída da instituição, o governo de Washington poderia criar uma ordem paralela à existente, desestabilizando o próprio sistema internacional. O resultado todos conhecem, com um final favorável às pretensões norte-americanas, quando Kofi Annan substituiu Boutros Galli.

A entrevista de Kofi Annan à BBC, reconhecendo que a guerra contra o Iraque foi ilegal, embora tardia, não deixa de trazer uma lufada de ar fresco, pois mostra que, apesar de tudo, o poder tem limites e que a administração Bush não manipula, tanto quanto desejaria, a Organização das Nações Unidas. Os mais optimistas certamente tenderão a ver neste acontecimento a perspectiva do aumento do papel da ONU para a resolução de futuros conflitos, mesmo contrariando os interesses das grandes potências.

:: enviado por JAM :: 9/16/2004 10:40:00 da manhã :: início ::
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