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sábado, outubro 09, 2004

Ano de 2004 – ano das telenovelas à moda portuguesa

Quem, no longínquo ano de 2304, pesquisar em jornais portugueses datados de 2004, com o intuito de encontrar histórias que possam fazer o deleite do público televisivo, decerto ficará com uma enorme vontade de rir sobre o que neste cantinho à beira mar plantado se passara em menos de seis meses do dito ano. Será mais ou menos assim que a História nos recordará:
“Era uma vez um país situado no extremo oeste de um continente que se dava pelo nome de Europa. Limitado a Este pelo vizinho espanhol e a Oeste pelo colossal Oceano Atlântico, este pequeno país de menos de onze milhões de almas errantes viveu, neste segundo semestre de 2004, uma das mais fantásticas viagens de retrocesso humano, até então conhecido. Posto que assim foi, só nos resta escrever os guiões das cinco telenovelas que mais badalaram nessa época. Tentaremos ser o mais realista possível e evitar todo e qualquer comentário que possa extravasar para lá do ridículo das situações então criadas.
No primeiro guião enfrentaremos a descoberta dos porquês, então levantados, à saída de um primeiro ministro a meio de um mandato para o qual fora legitimamente eleito pelo povo, sendo substituído por um charlatão que, com o povo, não tinha qualquer empatia. Dar-lhe-emos o nome de: “A Emigração do Primeiro Ministro”.
Logo após esta sequência de episódios, que decerto agradarão quem as vir, cair-lhes-á em cima da mesa uma outra novela, bem arquitectada, com um profundo sentido de respeito pelos media e uma mais segura forma de corromper um sistema judicial decadente. Será então que nos poderemos divertir e tentar resolver “O Caso das Cassetes Roubadas”!
Se por acaso, os guiões das duas anteriores forem pobres, poderemos sempre encetar conversações, no intuito de criarmos mais uma, utilizando, como suporte, histórias relatadas nos mesmos jornais de 2004. Sendo assim e sem muito esforço na procura, poderemos iniciar as filmagens de “O Barco do Aborto e o Prepotente PP”.
Que delícia poder assistir a todos estes enredos inventados pelos homens e vividos de forma tão empolgante, que não apetece mesmo nada ir dar uma volta pela galáxia no intuito de descobrir novos parceiros sociais. Horas e horas em frente do pequeno ecran, descortinando sequências após sequências. Quereremos mais, mais, mais e mais.
Após brevíssimos intervalos de programação, os directores de estação decidirão lançar para o ar mais um novo mistério.
“O Mistério do Concurso de Professores” será a nova novela programada para as longas noites do Inverno galáctico. O enredo entre personagens, figuras públicas e os nossos estimados amigos computadores é de uma perfeição tal que não há escritor algum entre nós capaz de igualar ou sequer imaginar tal situação – um mimo!
Ainda a última novela estará no ar quando, sem mais nem porquê, a estação numérica interestatal galáctico-mediana (ENIGMA), lançará a última das novelas cheia de delícias para os telespectadores:
“A Saída do Comentador Político” é daquelas histórias irreais que provocam arrepios e não nos deixam dormir de noite, tal é o poder de pesadelo que transmitem. No final só poderemos pensar que, no ano de 2004, em Portugal, andava tudo doido procurando uma saída, pelo menos, brilhante, do enredo filosófico-social inerente a uma política de trazer por casa.”

:: enviado por JS :: 10/09/2004 04:33:00 da tarde :: início ::
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