BRITEIROS: Lock-out cultural <$BlogRSDUrl$>








sábado, outubro 23, 2004

Lock-out cultural

Acabou a Filarmonia das Beiras.
Quando há oito anos regressei a Portugal, cheguei a uma cidade de Aveiro que se desenvolvia a passos largos. Parecia uma cidadezinha europeia, limpa, arranjada, com grandes obras estruturantes em curso e pouco depois com uma orquestra que levava o prazer e a cultura da música a milhares de adultos e de crianças. Assisti a título pessoal e profissional ao excelente trabalho levado a cabo pelos músicos e maestro, na divulgação do encanto da música entre jovens para quem tudo aquilo era um mundo novo, um mundo bem longe de Quintas dos Animais e outras tretas que fazem a cultura deste nosso povo abusado. Enfim, a civilização levantava a cabeça em iniciativas que acabariam um dia por nos levar a todos mais longe. Fui surpreendido há uns dias pela notícia da extinção da orquestra. E que pensam que descobri ao investigar um pouco mais? Muito simples. Nos jornais locais referia-se o facto da decisão de extinção resultar de um conflito laboral com os músicos. E que queriam os músicos, afinal?

Ao fim de todos estes anos os músicos pretendiam alguma segurança e deixar de ser pagos com recibos verdes. É pedir demais. Acresce a este atentado feito à cultura que o próprio vereador da cultura de Aveiro se alheou de todo o processo, não participando na reunião que acabou por decidir a extinção. Assim está o país. E pensar que muitos dos músicos haviam trazido para nós, de países distantes o fruto do investimento dos seus povos na cultura. Quantos anos de trabalho são precisos para ter violinistas da classe dos da Filarmonia das Beiras? Para não falar já da qualidade de todos os outros integrantes da orquestra? Não esquecer que não há nesta região músicos portugueses em quantidade e qualidade para formar uma orquestra filarmónica. Triste mas verdade.

Leia a posição dos músicos em Músicos denunciam desvio de verbas para Coimbra.

:: enviado por RC :: 10/23/2004 01:30:00 da tarde :: início ::
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