BRITEIROS: Divagar <$BlogRSDUrl$>








sexta-feira, outubro 22, 2004

Divagar

Às vezes tenho vontade de divagar. Hoje é um desses dias. Apetece-me ir por aí sem destino e escrever, escrever sem um propósito plausível. As palavras ajudam-nos a desanuviar, muitas vezes, o que se não consegue deixar sair através de expressões comportamentais. Sentado no meu laboratório, tendo por companheira esta máquina infernal chamada computador, ouvindo da rádio, música clássica de cariz suave e melodioso, só posso agradecer aos anjos a faculdade que me foi dada de assim poder gozar alguns momentos de introspecção. Em consciência de que o mundo lá fora não pára, que os Bush’s deste mundo continuam a ser invenções pré-históricas, infelizmente com o poder moderno nas mãos e a fazerem uso indiscriminado desse mesmo poder, que os Sharon’s foram talhados a partir do mesmo barro, que a hipócrisia envolvente do mundo actual nos bate à porta diariamente, a vontade de me fechar neste meu cantinho é terrivelmente enorme. E só queria que vissem como o meu cantinho é agradavelmente acolhedor, lindo, de uma beleza que poderia ser a de um mundo sem os ditos Tiranos-Rex que nos aparecem e nos entram pela casa dentro quotidianamente, sem terem tido, sequer, autorização para tal.
Porque tenho eu de pagar para que o Mr. Bush – filho, tenha uma campanha eleitoral com toda a pompa e circunstância? Que mal fiz eu para merecer tal desrespeito?
Que lindo é o meu jardim! O meu acolhedor canto é tanto mais atraente quanto mais lá fora o mundo é negro, feio e desastrosamente mal “parido”.
O desespero de não conseguir mudar o rumo de acções cometidas por grandes inconsciências é tão grande quanto amordaçante.
Mas deixem-se estar onde estão os que estão… aqueles que como eu, observam sistematicamente o mundo e dele não fomentam ideias de esperança, esses também se refugiam nos seus cantinhos secretos.
Divagai meus amigos. Sede loucos neste mundo ignóbil e lascivo. Devastai campos de ignomínia e limpai o ar irrespirável deixado por tanta loucura alheia. Que importa! Sendo o Homem o único animal à face da Terra que mata o seu semelhante, que mais podemos dizer?
Antigamente chamava-se Hitler, agora chama-se Bush… e tudo por umas gotinhas de petróleo mais!
Ah! Como aprecio o meu jardim, com os seus sons próprios de lindos trinados de passarinhos… peixes que saltam no pequeno lago, a brisa do entardecer que sopra o espanta diabos, a melodia dos ferrinhos e a minha tranquilidade e paz de espírito.
Será que Mr. Bush tem a noção do que é ter a consciência tranquila? Do que é ser capaz de respirar, como eu o faço, a Natureza?
E o Sr. Sharon, que mais parece um Bulldozer sem lagartas… será que não lhe pesa no espírito a morte de crianças inocentes? E nós… como podemos nós encarar o futuro dessas crianças? Que mundo lhes estamos a deixar?
Oh! Divagar, divagar… As utopias, a certa altura, quase tocaram a realidade. Hoje em dia afastam-se cada vez mais do possível.
Se calhar o título adequado a este texto deveria ser:
“A Morte da Utopia”

:: enviado por Anónimo :: 10/22/2004 05:14:00 da tarde :: início ::
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