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domingo, outubro 17, 2004

A sina do primeiro-ministro

A credibilidade de Pedro Santana Lopes foi sempre muito pouca. Todos lhe admiravam as suas prestações circenses e pouco mais. A verdade é que Santana Lopes é uma figura errática, hoje diz uma coisa e amanhã outra.

Terminou a faculdade em 1978, e em 1979 ganhou uma bolsa do governo alemão para se especializar em Ciência Política e questões europeias. Desistiu a meio quando foi convidado por Sá Carneiro, então primeiro ministro, para ser o seu assessor jurídico. Em 1986, assumiu a pasta da Secretaria de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. No ano seguinte encabeçou a lista do PSD ao Parlamento Europeu, sendo eleito eurodeputado, o que implicou o abandono do seu cargo no governo. Não ficou muito tempo em Bruxelas, regressando a Portugal em 1989. Insinuou-se para um cargo governamental no sector das pescas, mas Cavaco Silva não cedeu. Foi nesta fase que se envolveu na criação de um grupo na comunicação social, que se revelou um desastre económico.

O trabalho desenvolvido com Cavaco Silva, levou-o a assumir a Secretaria de Estado da Cultura em Janeiro de 1990. Mas, transformado no símbolo da incultura, coroada pela sua preferência pelo "concerto de violinos de Chopin", abandonou o governo, em finais de 1994, debaixo de uma enorme pressão por parte da comunicação social. Em 1995, pela mão de José Roquette, foi eleito presidente do Sporting, acabando por deixar o Clube em 1996. Instalou-se então a ideia que não conseguia levar nenhum projecto até ao fim, abandonando sempre o barco quando as coisas começavam a ficar feias. A comunicação social explorava amplamente a questão dos lençóis, dos casamentos e descasamentos com empresárias e ricas herdeiras. Tornou-se entretanto comentador desportivo, o que lhe permitiu manter-se no palco da política.

Marcelo Rebelo de Sousa, então líder do PSD, desafiou-o para concorrer às autárquicas de 1997. Escolheu a Câmara Municipal da Figueira da Foz, um bastião do PS. Foi aí que desenvolveu o seu estilo populista. Nessa altura, incomodado com uma reportagem televisiva que o envolvia em pandegas, álcool e mulheres de vida fácil, dirigiu-se ao presidente da República para anunciar o abandono da vida política. Ninguém o levou a sério, nem ele mesmo, já que, em 2002, estava à frente da CML, cujo balanço de dois anos e meio não podia ter sido mais desastroso. Em 2004, por mais incrível que possa parecer, Santana Lopes, sem nunca ter ganho eleições nacionais, nem o congresso do seu partido, recebeu de mão beijada a presidência do PSD e apresentou-se por este facto, como o sucessor de Durão Barroso, na chefia do governo.

Animem-se os portugueses, pois se Santana Lopes prometeu assegurar a estabilidade e exercer o seu mandato até ao fim, o mais certo é... não cumprir.

:: enviado por JAM :: 10/17/2004 03:47:00 da tarde :: início ::
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