domingo, novembro 21, 2004
Às vezes lá calha...
Confesso que não gosto do estilo eu-é-que-sou-bom do José Pacheco Pereira. Mas às vezes lá calha acertar uma, neste caso duas. No seu blogue Abrupto, perdidas nas inocuidades só para encher, estão duas notas que transcrevo. Pena mesmo é o senhor José Pacheco Pereira não querer saber para nada da opinião dos seus leitores. Comentários são coisa impossível nos blogues da laranja para a direita, e nalguns de esquerda que deveriam dar o exemplo, também...A fórmula mais eficaz de fazer campanha caso a actual pergunta absurda, cozinhada pelo PS-PSD-PP para induzir ao sim e à abstenção no referendo sobre a Constituição Europeia, seja a escolhida, é: “se não percebes a pergunta vota não”.
Tem sentido? Tem todo o sentido porque os partidários do “sim” nas direcções do PS-PSD-PP estão a tentar manipular o referendo com uma pergunta deliberadamente complicada, amalgamando matérias distintas e ocultando outras, pretendendo tornar desigual o “sim” e o “não” na resposta. A pergunta pura e simplesmente não é honesta, trata os portugueses de forma indigna, mancha a democracia com a sua óbvia manipulação.
Ora basta isto para responder “não”, nem que seja para obrigar a fazer novo referendo, com nova pergunta clara, daqui a uns bons anos.
São tão estúpidas as críticas, as insinuações, a gozação a Jerónimo de Sousa por ser (ou por ter sido) operário, como se essa condição fosse um impeditivo ou uma menor valia para o exercício do cargo de dirigente de um dos principais partidos portugueses. O que é interessante é que têm origem ou nos aduladores do demagogo do “para o avô e para o bebé”, ou nos bloquistas que revelam aqui a sua indisfarçável marca de classe social.
Acerca das presunções dos Doutores-da-Mula-Russa, leiam a biografia de Pierre BÉRÉGOVOY (se souberem, claro). Aliás, talvez seja oportuno lembrar que, desde 1936, pelo menos, somos governados por DRs e Professores Universitários (claro) e vê-se onde essa "exigência" nos tem levado...
:: enviado por RC :: 11/21/2004 11:31:00 da manhã :: início ::
1 comentário(s):
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Manuel,De JAM, em novembro 21, 2004 2:45 da tarde
Não sei se será uma acha para a tua fogueira mas, se o Pierre Bérégovoy chegou, de facto a ser Primeiro Ministro, sendo filho de um imigrante ucraniano e tendo sido um operário afinador de máquinas nos caminhos de ferro, é preciso não esquecer que se suicidou, dois meses depois da derrota eleitoral do PS de Março de 1993, muito embora se saiba que o fez por não ter suportado que sua honestidade fosse posta em causa.
Desejemos que o Jerónimo de Sousa tenha melhor sorte e também que consiga de facto conduzir o PC olhando mais para a frente do que para o retrovisor.