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sexta-feira, dezembro 31, 2004

As mentiras da economia

John Kenneth Galbraith é o nome do “enfant terrible” da economia americana, cujas opiniões, originais e provocadoras, divergem um tanto ou quanto dos ortodoxos manuais de economia. Exemplo disso, é a acusação que faz no seu último livro ao presidente da Reserva Federal Americana de que ele não serve para nada, uma vez que a progressão duma economia não se deve medir pelo crescimento do PIB. E justifica, dizendo que a boa condução duma economia se mede pela produção de bens materiais e de serviços. Não é a educação, nem a saúde, nem a literatura, nem as artes, ... mas sim, a produção de automóveis, por exemplo. É este o padrão moderno do sucesso económico e, por conseguinte, social.
“A economia das fraudes inocentes” pode ser considerado o extracto do pensamento produzido por uma mente criativa e destemida durante toda uma vida, que já conta 96 anos. Nele, Galbraith afirma que vivemos num mundo de mentiras impingidas como verdades cristalinas e irrefutáveis. Um mundo de fraudes, nem todas inocentes.
Diz ele que “quando o capitalismo, com toda a sua carga histórica, deixou de ser aceitável, foi rebaptizado [...] Hoje chama-se economia de mercado”.
“A palavra trabalho aplica-se simultaneamente àqueles para quem ele é duro, cansativo e desagradável e aos que dele extraem um manifesto prazer, sem nele verem qualquer contrariedade [...] Trabalho designa ao mesmo tempo uma obrigação imposta a uns e uma fonte de prestigio e de forte remuneração para outros. Usar a mesma palavra para as duas situações é já um sinal evidente de fraude”.
Outro exemplo: “A empresa moderna condena o termo burocracia. Esta palavra aplica-se ao Estado e à Função Pública. No seu lugar, as empresas utilizam a expressão Management, que tem uma conotação mais dinâmica”.
Menos de cem páginas que poderão parecer simples, mas que traçam o desfasamento permanente entre as ideias feitas e a realidade. Ou não fosse Galbraith o autor da célebre frase:
“No capitalismo, o homem explora o homem. No comunismo, é exactamente o contrário”.

:: enviado por JAM :: 12/31/2004 01:20:00 da manhã :: início ::
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