BRITEIROS: Sócrates e a co-incineração <$BlogRSDUrl$>








segunda-feira, dezembro 20, 2004

Sócrates e a co-incineração

Eu tinha previsto escrever sobre a co-incineração só depois das festas, já que é inevitável falar de Sócrates sem falar de co-incineração, mas como o Manuel trouxe o assunto à baila, aqui fica desde já a minha opinião: Ao abordar ontem a questão, Sócrates mostrou, mais uma vez, a sua assustadora falta de maturidade política. Sócrates sabe que a questão é extremamente delicada. A derrota eleitoral do PS em 2002 muito deve a esta sua aventura, embora muita gente diga que é esta aventura a imagem de marca da combatividade de Sócrates e da tal “coragem política”. Eu não lhe chamaria combatividade: prefiro chamar-lhe teimosia.
Foi graças à co-incineração, e ao apoio dado ao projecto de Sócrates, que o presidente PS da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, perdeu as últimas eleições em favor de Carlos Encarnação, do PSD. Eu nasci em Coimbra, cresci em Coimbra e estudei em Coimbra e desde sempre me habituei a ouvir falar de Coimbra como uma cidade limpa, despoluida, onde é bom viver e estudar, mas onde raramente se consegue arranjar trabalho na indústria, pois indústria é coisa que praticamente não existe no distrito de Coimbra.
Os conimbricences têm assim a vantagem de ter um ar que ainda se pode respirar mas que lhes custou, nos últimos quarenta anos, a passagem de terceira cidade do país, para talvez o sétimo ou o oitavo lugar. Coimbra parou no tempo graças à recusa da poluição.
Contrariando bruscamente essa tendência, Sócrates pretende não só dar a Coimbra a poluição que ela não merece, já que quase não produz resíduos sólidos industriais, como ainda pretende transportar o lixo de todo o país para a cidade dos estudantes. A região tornar-se-á uma zona tóxica sacrificada. Não os produzimos, mas vamos passar a cheirá-los!
A posição de Manuel Alegre não é uma posição poética. É uma posição realista de quem conhece bem Coimbra e a sua História. E Sócrates, se fosse um político merecedor de vir a ser primeiro ministro, teria compreendido que a guerra com Manuel Alegre não é uma mera luta de galos, mas uma questão muito séria em defesa da saúde dos portugueses.
A meu ver, defender a co-incineração, fora do contexto de um programa de acção em que se fale de como minimizar os resíduos tóxicos, mas também de energias renováveis, reciclagem de águas usadas, regeneração dos cursos de água poluídos, transportes públicos não poluentes, arborização em função da biodiversidade, do bioclima e das necessidades para um desenvolvimento ecologicamente sustentável, é uma posição indigna de um líder que pede, até à exaustão, uma maioria absoluta.

Continue a ler sobre O que é a incineração de resíduos sólidos.

:: enviado por JAM :: 12/20/2004 03:32:00 da tarde :: início ::
0 comentário(s):
Enviar um comentário