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domingo, janeiro 02, 2005

2005 - Ano da esperança

Um Novo Ano começou, e com ele a esperança dos portugueses, que querem ver nele a luz ao fundo do túnel e o dissipar do denso nevoeiro em que o país tem vivido. Tal como fado e saudade, nevoeiro é uma palavra recorrente na nossa História e, pelo menos desde D. Sebastião, tem servido de pano de fundo ao relançar da esperança em dias melhores. Com a queda do governo do PSD/PP, por manifesta falta de soluções políticas, os portugueses esperam ansiosamente ver sinais de alternativas válidas. E se, a cinquenta dias das eleições, continuamos a não vislumbrar alternativas claras, é preciso não nos deixarmos cair no conformismo, nem recuarmos na defesa intransigente da liberdade, do direito de escolhermos o nosso destino e do dever de julgarmos quem nos governa.
Temos que ser vigilantes na leitura dos programas políticos. Devemos insistir na necessidade de uma máquina estatal menos pesada e mais eficiente. Precisamos de uma reforma da administração pública, acompanhada de um sistema de controlo e de contenção da despesa pública. Se estamos todos de acordo que é preciso poupar, é bom que o exemplo nos venha do Estado.
Educação como uma “paixão”, deve também ser uma boa máxima a reeditar, e não me parece boa ideia que o PS tenha metido a educação na gaveta, como fez com o socialismo. Um programa político sério deve valorizar a educação, orientada para a competência, desde o infantário até ao doutoramento, passando pela formação dos professores e pela ligação à realidade e à prática empresarial.
É certo que há muito mais do que isto para fazer, mas precisamos de começar por algum lado, se quisermos sair do nevoeiro em que nos perdemos e do qual os nossos políticos nos vão falar nas próximas sete semanas, com distanciamento, como se não tivessem sido eles os responsáveis pela situação a que chegámos.
Por isso, mais vale prometer pouco e cumprir, do que prometer mundos e fundos, só para ganhar votos, e manter o país no estado de letargia em que temos vivido.

Porque de nevoeiro, já nos basta o Nevoeiro de Fernando Pessoa.

:: enviado por JAM :: 1/02/2005 01:31:00 da manhã :: início ::
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