segunda-feira, janeiro 10, 2005

O cesto dos papéis

"[...] temos de dar prioridade à Educação como valor de cidadania." Assim termina Oliveira Martins o seu texto de hoje no blogue Casa dos Comuns. Em linha com o que se vem dizendo, mas sintomático também das nossas, tão portuguesas, inocuidades.

Todos sabemos que instruir tem essa memória pura e dura de ou vai ou racha que não agrada aos nossos brandos costumes. Instruir, aprender, ensinar, tudo se dilui no tão moderno educar. De tal modo se têm diluído as nossas visões do que queremos para as gerações futuras, que mais não lhes oferecemos que esta branda educação. Nas nossas escolas, sem que pais, alunos ou professores, o pedissem, nasceram como cogumelos, múltiplas declinações desta famigerada educação. Educa-se para a cidadania sem que se seja cidadão? Pobres professores que, de projecto em projecto, de novidade em novidade, de novo isto e novo aquilo, afinal tudo tão velho, vão labutando e acatando, porque sim. É a nova legislação, a nova grelha, o novo quadro, o novo formulário, o novo procedimento, em papel, claro, que estrutura curricular, para os tais do porque sim, quer dizer mais papel, e mais papel, e mais papel...

“la escuela hoy son papeles y mas papeles, es una papelera” (F. Muñoz)