Aqui há uns anos tive um carro relativamente grande (e velhinho) que não se via muito em Portugal. Saber quanto iria pagar nas auto-estradas passou a ser uma espécie de lotaria dependente do estado de espirito do funcionário da portagem. Ora era Classe 1, ora era Classe 2. Dentro do carro faziam-se apostas. Ao fim de algumas semanas, aprendi e passei a ter sempre no carro um talãozito com um pagamento Classe 1 que mostrava impante cada vez que me tentavam cobrar mais. Em nenhum outro país da Europa que visitei tive o mesmo problema.
O (ex)governo decidiu agora, para clarificar a coisa, que os monovolumes passariam a pagar a tarifa mais baixa nas auto-estradas. Até aqui tudo bem. É o 374° problema do país mas por algum lado haveria que começar. O pior vem depois: neste hábito bem português de complicar tudo o que parece ser simples, primeiro não se sabia muito bem que entidade iria definir o que são monovolumes, depois não se consegue definir o que é um monovolume e, finalmente, diz-se que, quando se souber o que é, apenas os utilizadores da Via Verde serão contemplados com a Classe 1. Espantoso ! Isto ainda vai acabar no Tribunal Constitucional !
É normal que o governo tenha cuidado. Como ninguém parece saber muito bem o que é um monovolume e sendo os portugueses - na opinião do governo - uma cambada de vigaristas, haveria de certeza quem achatasse o camião e lhe tirasse todos os acessórios só para pagar menos.
Para resolver o problema e até ter uma definição rigorosa de monovolume (com critérios de cor, largura de pneus, galhardete do clube, etc.) sugiro que se ponha um fiscal em cada portagem munido de um metro e de uma balança a fim de decidir a Classe de cada veículo.
A alternativa, de que alguns falam, de haver apenas duas Classes – ligeiros e pesados – e que é utilizada noutros países, não me parece exequível em Portugal. Que entidade iria definir o que são ligeiros e pesados ? e com que critério ? e quanto tempo demoraria ? e o que é que quer dizer “pesado” ?