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quarta-feira, março 30, 2005

Resposta ao comentário da Adryka ao post precedente

Passaram mais de dois mil anos desde o sofrimento e a flagelação de Cristo, e do início da ideia cristã de que quanto mais sofrermos nesta vida mais depressa atingiremos o reino dos céus, o paraíso, a vida eterna. A mesma ideia que a Igreja pretende, uma vez mais, transmitir-nos através do sofrimento em directo do Papa.
Dois mil anos deveria ter sido suficiente para compreendermos que todo o sacrifício, sofrimento e dor que a Igreja nos pede, não passa de um alibi para garantir a resignação e a passividade dos mais pobres, face aos ricos e aos poderosos que se aproveitam da fé daqueles que exploram, tantas vezes com a conivência ou o silêncio da própria Igreja.
É por isso que, vinte e um séculos depois de Cristo, os cristãos deveriam ser os primeiros a recusar esta imagem do sofrimento, da piedade e do desrespeito pela dignidade humana.
A Igreja Católica é mais do que uma grande empresa. É mais do que um Estado. É dominada por uma enorme cadeia hierárquica. Nesta cadeia, o Papa não está sozinho. No seu estado de debilidade, está, mais do que nunca, sujeito às influências e às manipulações da sua corte.
Ora, essa corte deveria ter a lucidez suficiente para deixar ao mundo cristão uma memória digna de um dos papas que mais marcou a História da Igreja contemporânea. Pelo contrário, esta memória que vai ficar de um líder religioso a morrer aos poucos e em directo, como se se tratasse de um qualquer Big Brother da TV, não dignifica em nada a Igreja e transmite dela uma imagem mais negativa do que positiva.

:: enviado por JAM :: 3/30/2005 09:46:00 da tarde :: início ::
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