Encontramos no Aba da Causa, com o título Ensino básico a tempo inteiro, a transcrição de recente artigo no Público em que Vital Moreira aborda um dos temas importantes destes dias.

Merece o meu comentário.

“Há uns que sabem pouco sobre tudo e outros que sabem tudo sobre nada...”

Alguma humildade é sempre salutar para quem pensa as coisas. Como dizia Sérgio: “melhor é pensá-las bem”.

Vital Moreira escolhe um belo título, e pelo título ficamos logo a saber que se mete em águas que não são as suas. O Ensino Básico, para informação do Senhor Professor, é constituído por três ciclos que totalizam nove anos.

Pelo desenvolvimento inicial do texto, ficamos a saber que, para o senhor professor, Escola Básica é sinónimo de Escola Primária. Não sabe o senhor professor universitário que básicas são as escolas do ensino básico, ou seja, dos primeiros nove anos da escolaridade obrigatória.

Enfim, defende uma componente de apoio social com que não estaremos em desacordo, muito embora menorize a função ensino/aprendizagem que está na razão de ser de todas as escolas, até das Primárias.

São muitas as questões que ficam por responder. Quem é responsável pela ausência de investimento nas infra-estruturas do primeiro ciclo?

Esquece que a disciplina é resultado de valores socialmente aceites e não é ofendendo duma penada e denegrindo sem critério todos os profissionais do primeiro ciclo que se melhoram os índices de disciplina.

Até porque se os professores do primeiro ciclo descessem ao nível de retribuir a gracinha não lhes faltariam argumentos.

Gostaríamos de acreditar que o senhor professor estaria a defender um horário das nove às dezassete e trinta para todos os alunos portugueses entre os seis e os quinze anos de idade. Mas não é isso, pois não? A ideia só vale onde convém.

Esta medida poderia ser mesmo estendida a todos os sectores do ensino, mesmo o universitário. Não haveria benefício em que os senhores Professores Universitários, nas vinte e nove horas que lhes sobram depois de dar as seis horitas de aulas aos nossos jovens, lhes acompanhassem os percursos de estudo?

O Ministro David Justino dizia que os professores deviam convencer-se que não eram eles quem mandava nas escolas.

Como nas escolas, durante o dia só estão alunos, funcionários e professores, podemos deduzir que só sobram para mandar os funcionários e os alunos.
Penso que essa revolução já foi feita, mas eu não dei para esse peditório.