quinta-feira, maio 05, 2005

Porque é que o petróleo está tão caro?

Em primeiro lugar, porque a produção não chega para as encomendas. Depois, há o factor medo, ligado aos atentados no Iraque e na Arábia Saudita, ligado ao caso Ioukos, na Rússia, ligado à instabilidade política em países como a Venezuela ou a Nigéria... elementos que inquietam os mercados em relação à continuidade da oferta, fazendo, por isso, subir os preços.
Por outro lado, a procura não pára de aumentar, sobretudo para as bandas da China e da Índia, mas igualmente nos Estados Unidos, que continuam a ser os campeões do mundo.
Como 60% do petróleo passa pelos automóveis, a única decisão corajosa que poderia, a curto prazo, inflectir o consumo dos americanos, seria acabar com os grandes “chevrolets” que consomem exageradamente. É relativamente fácil, já que as tecnologias para os motores de baixo consumo existem e são largamente utilizadas em todo o mundo. Mas, para um povo com a mania das grandezas, essa seria uma medida altamente impopular.
Para além disso, como poderia pedir-se a um presidente cuja vida profissional está intimamente ligada à indústria do petróleo que tome medidas prejudiciais a esses interesses? Por exemplo, porque é que ele abriu as áreas preservadas do parque natural do Alasca à prospecção, e não o golfo da Flórida, onde se suspeita existirem grandes quantidades de petróleo? Porque o governador da Flórida, um tal Jeb Bush, não veria com bons olhos essa intromissão no seu feudo próprio...
O que interessa a George Bush é ver subir a sua cota de popularidade, sem para isso ter que fazer mais nada a não ser falar. Só assim se compreendem os grandes chavões como “a independência energética do país” ou o “ideal americano da invenção e inovação”. Duas expressões ocas, que não auguram nenhuma medida eficaz e, por conseguinte, nenhuma baixa dos preços do petróleo, num futuro próximo.