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sábado, julho 02, 2005

Angolagate

Terminaram as investigações sobre o negócio de tráfico de armas, envolvendo cerca de 633 milhões de dólares, entre países da ex-URSS e Angola e em que estão implicadas altas personalidades francesas, como o filho do antigo presidente Mitterrand, o ex-ministro do Interior, Charles Pasqua, e o ex-presidente do BERD Jacques Attali.
José Eduardo dos Santos, acusado de receber elevadas comissões, não gostou de ver o seu nome associado ao escândalo e tentou, desde 2001, fazer parar os juizes franceses, alegando que as armas não tinham sido compradas em França, nem tinham transitado pelo solo francês. Como não conseguiu, ameaça agora lançar todos os raios e coriscos sobre a companhia petrolífera francesa Total-Fina-Elf, excluindo-a da exploração do petróleo nas águas territoriais angolanas, em detrimento da americana Chevron.
O actor principal do escândalo foi o empresário franco-brasileiro Pierre Falcone que, a coberto da imunidade diplomática que lhe confere a sua cadeira na UNESCO, passou em Maio passado por Lisboa, onde a polícia o deixou apanhar rapidamente o avião para Londres, apesar do mandato de captura internacional emitido pelo juiz francês Courroye.
O desfecho deste processo precisa de ser exemplar, para que se possa acabar de vez com o tráfico de armas em África e se consigam por em prática dispositivos de alerta, de mediação e de manutenção da paz, em países em que o rendimento por habitante é largamente inferior ao subsídio de uma vaca europeia, onde a esperança de vida é dezassete anos inferior à de um habitante do Bangladesh e onde se pode facilmente comprar uma kalachnikov por seis dólares.
Caso contrário, nem os maiores Live8 do mundo conseguirão mudar o que quer que seja.

:: enviado por JAM :: 7/02/2005 12:27:00 da tarde :: início ::
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