quarta-feira, junho 29, 2005
Só é preciso ter “lata”
A propósito da greve dos enfermeiros, o Sr. Ministro da Saúde afirmou que o aumento da idade de reforma é “uma questão de igualdade em relação aos outros trabalhadores” e que “as medidas de harmonização das pensões são para toda a administração pública".
Até posso estar de acordo com a igualdade das idades de reforma (embora, para profissões consideradas de grande desgaste, a colocação em tarefas administrativas a partir de certa idade deveria estar na lei e não ser apenas uma boa intenção) só que um membro de um governo que tem um colega reformado após 6 anos de trabalho, deveria ser o ultimo a vir falar de “igualdade” e “harmonização das pensões”.
Não sou funcionário público mas, como toda a gente, tenho familiares, amigos e conhecidos que o são. Destes todos, há os que trabalham muito, os que trabalham mais ou menos e os calões. Do que conheço, quer a nível privado quer como utilizador dos serviços, não me parece que a percentagem de calões seja maior ou menor do a que se pode encontrar no sector privado. Conheço casos em que a desmotivação é tão grande, seja pelas condições de trabalho, seja pelo nível de salário seja ainda pela mediocridade das chefias, que pedir mais é humanamente impossível. Fazer dos trabalhadores do sector público o bode expiatório da crise é um caminho perigoso e irresponsável. Não há Estado sem funcionários públicos.
O Estado português necessita de ser repensado e muita coisa deve ser alterada. Para o fazer os responsáveis políticos têm que ter legitimidade democrática, evidentemente, mas também autoridade moral. Não é o caso.
Até posso estar de acordo com a igualdade das idades de reforma (embora, para profissões consideradas de grande desgaste, a colocação em tarefas administrativas a partir de certa idade deveria estar na lei e não ser apenas uma boa intenção) só que um membro de um governo que tem um colega reformado após 6 anos de trabalho, deveria ser o ultimo a vir falar de “igualdade” e “harmonização das pensões”.
Não sou funcionário público mas, como toda a gente, tenho familiares, amigos e conhecidos que o são. Destes todos, há os que trabalham muito, os que trabalham mais ou menos e os calões. Do que conheço, quer a nível privado quer como utilizador dos serviços, não me parece que a percentagem de calões seja maior ou menor do a que se pode encontrar no sector privado. Conheço casos em que a desmotivação é tão grande, seja pelas condições de trabalho, seja pelo nível de salário seja ainda pela mediocridade das chefias, que pedir mais é humanamente impossível. Fazer dos trabalhadores do sector público o bode expiatório da crise é um caminho perigoso e irresponsável. Não há Estado sem funcionários públicos.
O Estado português necessita de ser repensado e muita coisa deve ser alterada. Para o fazer os responsáveis políticos têm que ter legitimidade democrática, evidentemente, mas também autoridade moral. Não é o caso.
Cada vez acredito mais que, para se ser Ministro, só é preciso ter uma imensa “lata”.
:: enviado por U18 Team :: 6/29/2005 10:15:00 da tarde :: início ::
2 comentário(s):
-
Que se diga então que é até à morte, é mais honesto. Imagina só. Até aos 60 anos és professor, dos 60 aos 65 escriturário, dos 65 aos 70 fazes as fotocópias e recados aos "colegas", dos 70 aos 75 abres a escolas e és porteiro, dos 75 aos oitenta...De RC, em junho 30, 2005 12:28 da manhã
Assim não. Aliás não terão que passar muitos anos para se ver que toda esta forma de abordar a questão é absurda. -
E vem Vital Moreira dizer que na saúde faz ainda mais sentido o aumento da idade das reformas por causa de carência de profissionais.De Sacha, em julho 04, 2005 7:15 da manhã
Desse jeito ainda vamos ver cirurgiões a serem chamados par ao bloco para operar de urgência. O que querem? Há carência.